A Terra fotografada de Saturno

É uma foto:

Feliz 2014. (Detalhes aqui.)

Número novo da Planejamento e Políticas Públicas

Acabou de sair. Vários textos bacanas, mas eu destaco "Testar, Aprender, Adaptar". Trata-se da tradução de uma ótima defesa do uso de  experimentos aleatórios controlados nas políticas públicas. O texto original foi  feito pela turma ligada ao gabinete do governo britânico. Um dia chegaremos lá!
A propósito, como editor da PPP, eu aproveito para agradecer a todos que submeteram artigos e deram pareceres para a revista em 2013.

"Counterfactuals and Causal Inference" por Morgan & Winship

É o meu livro predileto do ano. Ele faz a ponte entre os livros de metodologia e os de estatística baseada em contra-factuais. Eu aprendi muito mais com o livro do que com o (enganosamente) mais acessível Mostly Harmless Econometrics. O livro te ensina a pensar a sério sobre causalidade antes de sair fazendo regressões ou catando variáveis instrumentais. Não entendi tudo na primeira leitura, mas o que entendi já valeu a pena.
Só um alerta: eu comprei a versão em Kindle, mas não a recomendo. Você tem que ficar indo e voltando nos gráficos e isso é um saco em livros digitais.

Minha mensagem de ano novo aos jovens economistas


Logo ali, em 1988, eu -brizolista à epoca- gastava neurônios, saliva e células hepáticas discutindo o futuro do capitalismo, marx, keynes e o ortodoxos. O Brasil era isolado e parecia que tudo que se precisava saber estava na coleção  "Os Economistas". Era feliz, mas o mundo era muito limitado.


Fast forward 25 invernos. Estudar Economia nunca foi tão bacana quanto hoje. Universos de linhas de pesquisa, ferramentas, teorias e bancos de dados estão a apenas um clique. Vamos lá: tem a turma de experimentos naturais, contrafactuais, big data,  simulação de todos os jeitos e muito mais. Nos temas, surgiu a economia do futebol, do vinho e até economia do sexo, drogas e rock'n'roll.  Nos dados, a abundância é sensacional ; os softwares são gratuitos e só faltam fazer chover. Nunca tanto foi disponível para tantos.


Mas é só sair da Academia e cair no mundo selvagem do facebook, blogs, twitter e colunistas dos jornais que o papo fica super chato. Eles ainda não sairam das velhas polêmicas e continuam achando que existem livros sagrados. Uma turma que lê o Capital, a Teoria Geral, o Caminho da Servidão* ou Formação Econômica do Brasil como verdades reveladas e não como hipóteses.


Science is interesting. Jovens, apliquem a regra dos dois desvios e produzam. A vida é curta. Vocês não tem nada a perder, a não ser a chance de fazer algo bacana.




(* Isso é a novidade do século XXI. Não havia austríacos na década de 80. Muito menos austríacos de miolo mole)






Divulgação: International Conference on Finance, Banking and Regulation

Os meus colegas da UCB estão organizando a conferência em 2014. O call for papers está aqui.

Super-heróis que os pesquisadores gostariam de ver


O melhor de todos os super-heróis seria o Bullshit Man. Mas eu tenho algumas sugestões que aliviariam o trabalho BS Man :


  • Data trap Man: Ele aparece logo antes de você fazer uma besteira com os dados. Um instante antes de apertar Enter, ele surge e avisa "Ei, o IBGE mudou a classificação dessa atividade em 2004, não dá para usar em série de tempo". Ou, "Psiu, os dados dos estupros na Suécia são incomparáveis com os dados do restante do mundo.";

  • Bug Killer Woman. Você está há meia hora lutando para encontrar um erro nas tuas linhas do R. Ela aparece e avisa "Tira esse attach!" e vai embora;

  • Basic References Man.  Um super-herói que joga um raio mágico que faz com que os debatedores aprendam instantaneamente a literatura básica sobre o tema .(O poder do Woody Allen em Annie Hall  já seriam um exagero).




Prêmios de Economia 2013


Os meus colegas de Ipea mandaram ver nos prêmios de Economia deste ano:

- Daniel Cerqueira levou o Prêmio BNDES de tese de doutorado (PUC-RJ) por Causas e Consequências do Crime no Brasil;

- Gabriel Ulyssea ganhou o Haralambos por Essays on the Informal Sector (University of Chicago);

- Por fim (até onde eu sei), o Guilherme Resende, vizinho de andar, levou o menção honrosa no Prêmio do Tesouro Nacional.

Em comum, são trabalhos brilhantes com tremenda análise empírica e que não estão nem aí para as polêmicas ortodoxos versus  heterodoxos que povoam facebooks e blogs. (Em breve, farei um post sobre o descompasso entre a produção profissional e o bate-boca internético).


"Multiplicai-vos e crescei? FPM, emancipação e crescimento econômico municipal' por Mation Boueri e Monasterio

Aí vai texto sobre os efeitos da criação de municípios no Brasil   (pdf 8 MB) no livro Brasil em Desenvolvimento 2014.

Ainda a criação de municípios



É muito importante que o veto presidencial aos PLS 98/2002 seja mantido. Eu passei a semana divulgando (sem muito sucesso) a Nota Técnica sobre criação de municípios. Como a nota é bem pontual, eu recomendo o artigo do Marcos Mendes "Criar novos municípios é prejudicial para o Brasil? " para quem quiser saber mais sobre o tema. 
Segue a apresentação da Nota:

 
Só para reforçar os pontos principais:

  • Os municípios pequenos brasileiros não são nem os que têm a população mais pobre, nem os com prefeituras mais pobres;
  • Criar municípios significa transferir recursos dos municípios que já existem para os emancipados e só aumenta a desigualdade regional;
  • Se o veto for derrubado, o  número de novos municípos pode ser grande. Muito grande.
Ainda sobre o assunto: na terça-feira será divulgado o trabalho ""Multiplicai-vos e crescei? " em que Mation, Boueri e eu estimamos os efeitos das emanicipações pós-1988. Adianto o resultado: não deu muito diferente do estudo de  Enlison e Ponczek publicado recentemente na RBE. Ou seja, nem a população emancipada se beneficiou.

"Criação de Municípios Depois do PLS 98/2002: uma estimativa preliminar"

Título alternativo: "Quando Adolfo, Dilma e eu concordamos".  Aqui.

Cada categoria piora, mas todos melhoram

Coisa simples. Imagine um conjunto de indivíduos.  Divida-os por escolaridade. Suponha que cada grupo sofreu perdas salariais ao longo de tempo. É possível que, como um todo, eles tenham ganhos salariais?
Sim. É possível. Basta que a composição dos grupos mude no tempo e compense as perdas por categoria. O indivíduo que estuda tem um aumento de renda, mas puxa para baixo a renda média dos grupo de maior escolaridade. É, no fundo, o paradoxo de Simpson em toda sua graça.
O Café Hayek trata dessa esquisitice para o caso dos EUA. O John Mokyr conta a mesma história na Revolução Industrial Inglesa. As condições de materiais de vida melhoraram no campo e na cidade, mas pioraram como um todo. O motivo é que havia êxodo rural, apesar das condições serem piores na cidade do que no campo.
E no Brasil? Um tanto disso está acontecendo hoje. As médias salariais para os mais educados têm crescido bem pouquinho. Mas isso é o resultado de dois processos: a evolução dos ganhos dos que já estavam nessas classes e a entrada de novos indivíduos. (Adicionalmente, os retornos da educação caem, como esperado). Em breve, não me surpeenderá se a categorias mais educadas tiverem perdas salariais, mesmo que cada indivíduo melhore.

Diversos atuais

Previdência social nas grandes regiões

Vejam os resultados do saldo previdenciário (benefício-arrecadação). A Região Sul - surpresa! - recebe uns R$12,5 bilhões por ano (Dados de 2010).

Região
Saldo em milhões
Saldo per capita
Centro-Oeste
-4508
-321
Nordeste
32643
615
Norte
3015
190
Sudeste
-5668
-71
Sul
12521
457

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