McCloskey sobre o Piketty

A resenha é diversão garantida e, como sempre, é maravilhosamente bem escrita. Ela se centra em um ponto: crescimento é mais importante que redistribuição. Claro que, no limite, ela está certa, mas é bem possível que um pouco mais de redistribuição não afete, ou afete pouco, ou até contribua com o crescimento no longo prazo.
Eu não li o Piketty, então nem sei se ela está certa ou não quando escreve sobre o livro. De qualquer forma, o texto tem trechos sensacionais. O meu predileto:
Getting the accounts right and getting the sums right within the accounts is the way that most economic questions are answered. (Eu deveria seguir isso como lema)
E esse:
Remarks such as “there are still poor people” or “some people have more power than others,” though claiming the moral high-ground for the speaker, are not deep or clever. Repeating them, or nodding wisely at their repetition, or buying Piketty’s book to display on your coffee table, does not make you a good person. You are a good person if you actually help the poor. Open a business. Arrange mortgages that poor people can afford. Invent a new battery. Vote for better schools. Adopt a Pakistani orphan. Volunteer to feed people at Grace Church on Saturday mornings. Argue for a minimum income and against a minimum wage.



Plugin para restringir a procrastinação

  • StayFocusd (Chrome) - Gratuito e muito bom. Tem até um modo que só permite mudanças de configuração se você resolver um enigma.

Prêmio do Tesouro Nacional 2014

Um monte de trabalhos bacanas. Destaco três : a) um sobre o impacto dos créditos do  BNDES nos municípios (adivinhem o resultado?); b) outro do Márcio Bruno, meu colega de coordenação no Ipea, sobre o comportamento fiscal dos estados pós LRF; c) e aquele sobre progressividade do IRPF.

Por que o ortodoxo San Tiago Dantas foi ministro do Jango?

A resposta está em Credibility and Populism: The Economic Policy of Goulart.
Os autores mostram que aquilo que parecia uma política contraditória, incoerente, tem tinha uma lógica interna. É um ótimo texto em que o meu amigo Prof. Sérgio e o meu orientador de mestrado, Pedro Fonseca, acertaram em cheio.

Mais um livro novo: Novo Regime Demográfico uma nova relação entre população e desenvolvimento? (ed. Ana Amélia Camarano)

Os craques da área de demografia brasileira estão lá. Ainda não li os artigos com o cuidado devido, mas um gráfico me chamou atenção: a evolução da sobremortalidade masculina por faixa etária entre 1980 e 2010. O gráfico indica que, em 1980,  na faixa entre 20-24 anos, morriam 228 homens para cada 100 mulheres. Em 2010, esse valor pulou para 454 homens para cada 100  mulheres mortas. É assustador o impacto da violência nas últimas décadas.


Avaliação de Políticas Públicas no Brasil: uma análise de seus impactos regionais (ed. Guilherme Resende)

O volume 1 e o 2 estão disponíveis para download. (Este que vos tecla tem um capítulo - junto com o Marcelo Caetano - no vol. 2)

Foto de navio negreiro a caminho do Brasil? Eu acho que não

Hoje, dia da Consciência Negra, está rolando na internet essa suposta foto tirada por Marc Ferrez de escravos a bordo de um navio negreiro francês em 1882 a caminho do Brasil.


Sim, Ferrez fotografou escravos aqui nessa época, mas eu temo que essa não seja uma das suas fotos.
Argumentos:
  • O barco é bom demais para ser um navio negreiro;
  • Em 1882, não havia mais tráfico transatlântico, muito menos em um navio francês. (Para lembrar da dimensão desse tráfico de escravos, eu sempre gosto de indicar incrível site Slave Voyages, feito pelo David Eltis e equipe.) . Mas ainda poderia ser um registro do tráfico interprovincial brasileiro. Contudo:
  • As crianças são pequenas demais para serem escravas no Brasil da época;
  • O que fazem aqueles caras de turbante à esquerda na foto?

Eu desconfiei que era uma foto do tráfico do Índico para os países árabes. Um google image search me levou para um post de 2008 que sustenta que são escravos resgatados por um barco inglês em 1868 no Índico. Isso me parece mais plausível.

PS:  Eu já postei aqui, mas não canso de citar o paper do Nathan Nunn sobre os efeitos de longo prazo da escravidão na África.


Instituições realmente importam?

Que belos posts criticando a literatura "institutions matter"! O primeiro é só sobre as regressões cross-country, o segundo sobre o Acemoglu, Johnson & Robinson e o terceiro, bem, esse ainda não saiu.

Produtividade no Brasil : desempenho e determinantes

Livro essencial para o debate sobre produtividade no Brasil com muitos dos craques da área. Pode ser baixado de graça aqui (pdf).
  • 1 OS DILEMAS E OS DESAFIOS DA PRODUTIVIDADE NO BRASIL/ Fernanda De Negri e Luiz Ricardo Cavalcante
  • 2 DESAFIOS PARA O CÁLCULO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES/ Roberto Ellery Jr
  • 3 METODOLOGIAS DE CÁLCULO DA PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES E DA PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA/ Alexandre Messa
  • 4 PRODUTIVIDADE E ARMADILHA DO LENTO CRESCIMENTO/ Regis Bonelli
  • 5 EVOLUÇÃO RECENTE DOS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE NO BRASIL/ Luiz Ricardo Cavalcante e Fernanda De Negri
  • 6 COMPARAÇÕES INTERNACIONAIS DE PRODUTIVIDADE E IMPACTOS  DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS/ Lucas Ferreira Mation
  • 7 PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E MUDANÇA ESTRUTURAL: UMA COMPARAÇÃO INTERNACIONAL COM BASE NO WORLD: INPUT-OUTPUT DATABASE (WIOD) 1995-2009 / Thiago Miguez e Thiago Moraes
  • 8 PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E MUDANÇA ESTRUTURAL NO BRASIL NOS ANOS 2000/ Gabriel Coelho Squeff e Fernanda De Negri
  • 9 INFORMALIDADE, CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NO BRASIL: DESEMPENHO NOS ANOS 2000 E CENÁRIOS CONTRAFACTUAIS/ Gabriel Coelho Squeff e Claudio Roberto Amitrano
  • 10 O DESAFIO DA PRODUTIVIDADE NA VISÃO DAS EMPRESAS/ João Maria de Oliveira e Fernanda De Negri
  • 11 PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO/Mauro Oddo Nogueira, Ricardo Infante e Carlos Mussi
  • 12 PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA NO BRASIL/Rogério Edivaldo Freitas
  • 13 EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DEVIDO A MUDANÇAS TECNOLÓGICAS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA (1990-2009) /Luiz Dias Bahia


O Efeito de Longo Prazo das Missões Jesuíticas

Taí um resultado que eu não esperava: os locais com missões de jesuítas na Argentina, Brasil e Paraguai tem - até hoje! - melhores indicadores educacionais.
O trabalho parece muito bem feito (ah, e cita o paper que Irineu e eu fizemos).

O problema de ler pouco

O ex-ministro do Trabalho Antônio Magri disse que só tinha lido dois livros na vida . "Ler muito confunde as ideias", teria dito. Ele estava certo. A leitura realmente deixa o cara confuso. Só que isso é bom, porque nos faz menos cheio de certezas e prontos para julgar melhor.
Tomemos o caso de quem só leu "Formação Econômica do Brasil" do Furtado  e "A Economia Brasileira em Marcha Forçada" do Barros de Castro. Ainda mais se o cara fez uma leitura rasteira, ele sai seguro que crises são oportunidades [bip! bip! Alerta de clichê] e que, via gasto público, é moleza garantir a demanda agregada ou superar o gargalo externo "levando a economia brasileira para outro patamar" (seja lá o que isso queira dizer).
Contudo, quem também leu Suzigan, Peláez, Bonelli, Malan, Fishlow - só para ficar na geração que produziu sobre tais temas nos anos 70 e 80 - aprende que tudo é bem mais complicado do que contam as histórias reconfortantes da bibliografia básica das disciplinas de Economia Brasileira.

Eu sou eu e os hormônios a que fui exposto

Coisas que se aprende em uma banca de qualificação: a relação entre o tamanho do dedo indicador e o anelar (um marcador da exposição à testosterona no útero materno) influencia tudo: opção sexual, doenças mentais, capacidade matemática e até o-seu-interesse-em-spams-com-serviços-de-alongamento-de-certas-partes-do-corpo-masculino*.
Para aplicações em Economia, a referência no Brasil é a tese do Anderson Mutter Teixeira (que também estava na banca de qualificação): Ensaios em Economia Comportamental: Uma Investigação Experimental para o Marcador Biológico 2D:4D.


* Não é bem isso, mas eu não quero escrever para evitar o risco de desavisados googlarem e caírem neste casto blog.
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