Quem nada é o homem e não a piscina

Estou enrolado, só trabalhando nas minhas coisas e sem tempo para postar nada interessante (sim, minhas coisas não são tão interessantes). Vou ressuscitar aqui um post antigo que passou batido:
"Nelson Rodrigues e o individualismo metodológico
O dramaturgo, após assistir na TV um psicanalista atribuir a culpa dos problemas da juventude à família e à sociedade, escreveu:
"E eu então vi subitamente tudo. Imaginei que, diante de uma prova de natação, a psicanalista havia de concluir - "Quem nada é a piscina e não o nadador". Minha vontade foi bater o telefone para a TV Globo e dizer:- "Minha senhora, não se esqueça do homem."...
Referindo-se aos especialistas das Ciências Humanas, Nelson Rodrigues continua:
"É preciso que alguém lhes escreva uma carta anônima, com um furo sensacional:- "O homem existe! O homem existe!" E vai ser um susto, um pânico, um horror quando os citados especialistas perceberam que a besta humana está inserida na nossa paisagem"
(Nelson Rodrigues, Os Inimigos do Óbvio, 1966)
Agradeço ao meu amigo (e cientista político) Acir Almeida a citação."

O mito do multiplicador keynesiano e a Grande Depressão

Eu me arrependo de ter ensinado muitas coisas. Nas aulas de Introdução a Economia, circa 1995, um dos erros foi ensinar o multiplicador keynesiano como 1/(1-c) com c=0,8  . Mentes de 18 anos podem guardar isso para o resto das vidas; e pensam que R$1 de gasto público quintuplica o PIB. Era só um exemplo para facilitar as contas e eu não enfatizava o quão esquisito teria que ser o mundo para que isso fosse verdade.
"Ah, mas e a Grande Depressão". Bem, nem naquela época o multiplicador foi tão grande assim. Vejam o texto recente no Journal of Economic History:
The Multiplier for Federal Spending in the States During the Great Depression
Price Fishbacka and Valentina Kachanovskayaa 
 To estimate the impact of federal spending on state incomes, we develop an annual panel data set between 1930 and 1940. Using panel methods we estimate that an added dollar of federal spending in the state increased state per capita income by between 40 and 96 cents. The point estimates for nonfarm grants are higher and for AAA farm grants are much smaller and negative in some cases. The spending led to increase in durable good spending on automobiles but had no positive effects on private employment.
(Uma versão anterior aberta está disponível aqui.)
Vale lembrar também que a Christina Romer, uns 35 anos atrás, já mostrava que foi a expansão monetária - e não fiscal- que tirou os EUA da Depressão.

100 de nascimento da Jane Jacobs

Ela é a autora do melhor livro-de-economia-sem-tabela que-já-li: The Death and Life of Great American Cities. A Google fez doodle em homenagem. Mais do que merecido.

  
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