Em 1940, a Argentina tinha 12% de analfabetos, enquanto o Brasil ,50%. Em 1970, apenas 7% dos hermanos eram analfabetos; um número que ainda não alcançamos. (
Fonte)
No fim dos anos 80, eu ouvi de um professor meu (eu acho que foi o Barros de Castro) : "E se depois da inflação acabar descobrirmos que o problema do Brasil não é esse? E se descobrirmos que nem temos o caos inflacionário como desculpa?"
A realidade mostrou que a estabilidade foi condição necessária, mas não suficiente para o país tomar jeito. Hoje existem dois entraves consensuais ao crescimento: 1) infra-estrutura; 2) educação. A infra-estrutura é um gargalo óbvio e eu não tenho nada a acrescentar. A minha dúvida é sobre a educação.
Meu medo: fazemos um choque de educação, aumentamos o número e a qualidade do ensino e aí... nada acontece. Depois de 20 anos descobriremos que nossas instituições são uma porcaria e impedem o desenvolvimento econômico. Perceberemos que o acúmulo de coalizões distributivas* nos tornou incapazes de fazer as reformas urgentes.
Ou seja, mesmo que a educação melhore, temo que viraremos uma Argentina tropical no século XXI. Educados, mas estagnados e sem o consolo de uma Belle Époque ou de um Borges no currículo.
(Só para tirar qualquer dúvida: é claro que eu defendo o avanço da educação. Eu defenderia mesmo se os ganhos econômicos fossem nulos.)
*Use aqui o jargão institucionalista que você quiser. Eu usei Mancur Olson.