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28/01/2016
Jéssicas e Lucas: os nomes mais frequentes no Brasil
Aí vão os nomes mais comuns no Brasil por ano de nascimento.
Fiz apenas por curiosidade e para praticar o uso do dplyr. A fonte dos nomes é a RAIS.
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27/01/2016
Leff e a corrupção
Agora todo mundo já sabe que o Leff deu sacadas ótimas sobre a história econômica brasileira. Contudo, há outra contribuição sua que precisa ser lembrada: sua análise da corrupção.
O texto Economic Development Through Bureaucratic Corruption (1964) já foi muito mal entendido, como se fosse uma defesa da complacência com a corrupção. Nada disso.
A grande lição está no final do artigo ("Two techniques"). Funcionários públicos honestos e capazes são um recurso muito escasso nos países pobres. Logo, devem alocados com cuidado e poupados:
1- Os honestos devem estar nas áreas-chave para o desenvolvimento;
2- Evite regulamentar e intervir no que não precisa. Assim, você não precisará "gastar" funcionários bons em atividades em que o mercado poderia resolver. Exemplo: ao invés de ter os honestos trabalhando com licenças para importação, acabe logo com essa papelada.
O texto Economic Development Through Bureaucratic Corruption (1964) já foi muito mal entendido, como se fosse uma defesa da complacência com a corrupção. Nada disso.
A grande lição está no final do artigo ("Two techniques"). Funcionários públicos honestos e capazes são um recurso muito escasso nos países pobres. Logo, devem alocados com cuidado e poupados:
1- Os honestos devem estar nas áreas-chave para o desenvolvimento;
2- Evite regulamentar e intervir no que não precisa. Assim, você não precisará "gastar" funcionários bons em atividades em que o mercado poderia resolver. Exemplo: ao invés de ter os honestos trabalhando com licenças para importação, acabe logo com essa papelada.
21/01/2016
Diversos
- Maior concentração de nerds do planeta: a UCLA tem um departamento só para dar consultoria científica para os filmes de Hollywood;
- Como os estatísticos estimaram (e acertaram!) a produção de tanques alemãs durante Segunda Guerra: aqui e aqui.
- As edições do Jornal do Commercio entre 1827 até 1900 serão digitalizadas pela Biblioteca Nacional! (via Thales Zamberlan).
- Ótimo evento, em 2014, sobre desigualdade histórica na América Latina: um monte de textos de vários dos craques da área.
- O primeiro concerto do Kraftwerk em 1970: estranho, muito estranho.
18/01/2016
Por que a TV ficou melhor e os jornais pioraram?
Memórias infantis a parte, os programas de TV dos anos 80 era uma porcaria e todo mundo assistia. Já os grandes jornais eram bem mais respeitados e com conteúdo melhor do que os hoje.
Alex Tabarrok já explicou o caso da TV: na época da TV aberta, paga pelo anunciantes, o objetivo era ter o maior público. Para isso, o conteúdo produzido era voltado para agradar a todos e, portanto, não agradava especialmente ninguém (exceto, talvez, a sua avó quando assistia ao programa do Sílvio). Com a TV paga, abre-se mão de audiência em favor da receita dos assinantes. A audiência é menor, mais segmentada, mas o lucro pode até ser maior do que no passado.
Já a internet tornou os grandes jornais mais parecidos com a televisão do passado. Maximizar cliques é o novo ibope. E o negócio volta-se para satisfazer o leitor médio, de baixa qualidade. E tome notícia bizarra, fofoca e colunista viral "textão do facebook". Além disso, a própria internet oferece aos leitores mais qualificados (eg. você, caro procrastinador) outras fontes de informação de melhor qualidade produzida mundo afora. Cada vez que eles fogem dos jornalões, a qualidade dos seus leitores médios cai mais e mais.
Outras hipóteses?
Alex Tabarrok já explicou o caso da TV: na época da TV aberta, paga pelo anunciantes, o objetivo era ter o maior público. Para isso, o conteúdo produzido era voltado para agradar a todos e, portanto, não agradava especialmente ninguém (exceto, talvez, a sua avó quando assistia ao programa do Sílvio). Com a TV paga, abre-se mão de audiência em favor da receita dos assinantes. A audiência é menor, mais segmentada, mas o lucro pode até ser maior do que no passado.
Já a internet tornou os grandes jornais mais parecidos com a televisão do passado. Maximizar cliques é o novo ibope. E o negócio volta-se para satisfazer o leitor médio, de baixa qualidade. E tome notícia bizarra, fofoca e colunista viral "textão do facebook". Além disso, a própria internet oferece aos leitores mais qualificados (eg. você, caro procrastinador) outras fontes de informação de melhor qualidade produzida mundo afora. Cada vez que eles fogem dos jornalões, a qualidade dos seus leitores médios cai mais e mais.
Outras hipóteses?
08/01/2016
Diamonds are Forever: Long-Run Effects of Mining Institutions in Brazil por Marcelo S. Carvalho
This paper uses a regression discontinuity approach to investigate whether a set of colonial policies adopted in the Diamond District of colonial Brazil have long-run impacts on development. Results regarding household income are still inconclusive. On the other hand, the estimated effects on adult literacy and light density from satellite images are positive. I also try to explore potential channels through which this historical event might influence the present. Using a geospatial road location database, I find that observations inside the District’s historical boundaries have denser road networks. Additionally I use microdata from the 1830s to show that slavery was more intense in untreated villages, which has been related in the literature to underdevelopment.Super legal. Ótimo ver a novíssima geração - o google me diz que o autor é mestrando na USP- fazendo pesquisa em história econômica do jeito contemporâneo (com direito a GIS, imagem de satélite e os escambau).
HT Shikida e William Summerhill.
Diversos
Antes de fechar as 36 abas do Chrome que tenho procrastinado a leitura, aí vão alguns links:
- Atlas das línguas do mundo: mapa por bases numéricas;
- A McCloskey fica mal na reportagem sobre o ataque dos "liberals" à Ciência. Agora, o Napoleon Chagnon sai como santo na reportagem, mas não foi isso que ele pareceu no ótimo filme "Segredos da Tribo" (disponível no Netflix BR);
- Conceitos cognitivos importantes (senti falta do viés de seleção);
- Site para indexar as contribuições aos softwares científicos;
- Os usos e ricos do Teorema de Bayes.
06/01/2016
Matéria sobre o Nathaniel Leff na Piauí
Todo mundo já comentou e a reportagem é sensacional mesmo (link para assinantes). O autor, Rafael Cariello, sintetizou muito bem as polêmicas sobre os temas da história econômica brasileira e também da questão pessoal sobre o Leff.
Eu sou "leffeiro" de raiz, hipster, faz mais de uma década. O Google Scholar mostra que das 20 citações do livro "Subdesenvolvimento e Desenvolvimento no Brasil", eu fiz 10 (tem texto repetido aí, seu Sergey Brin!). A contribuição do Leff que mais me impactou - e que não consta da reportagem - foi:
(Só lamentei não ter sido citado na reportagem. Conversei uma boa meia-hora com o super simpático e competente Rafael, mas nada do que eu disse ficou na versão final. Deixa para lá. O importante mesmo é que a matéria ficou muito boa.)
Leff, N. H.. (1972). Economic Development and Regional Inequality: Origins of the Brazilian Case. The Quarterly Journal of Economics, 86(2), 243–262.No artigo, ele explica que a origem da desigualdade regional brasileira deriva do Brasil não ser uma área monetária ótima no séc XIX. A lógica: boom do café valorizou o câmbio e -como os fatores não eram totalmente móveis- isso prejudicou as exportações de açúcar e algodão do Nordeste. Ele antecipou, assim, as teses sobre Dutch Disease.
(Só lamentei não ter sido citado na reportagem. Conversei uma boa meia-hora com o super simpático e competente Rafael, mas nada do que eu disse ficou na versão final. Deixa para lá. O importante mesmo é que a matéria ficou muito boa.)