Um efeito catraca institucional

 Os sinais são desencontrados. A confiança no governo brasileiro teve uma forte queda (via Alexandre Rocha). Já os Der Spiegel diz que  o Brasil virou um modelo de qualidade institucional (via Drunkeynesian). O Mansueto, por sua vez, aponta que o personalismo/ voluntarismo aumentou na política econômica.
Pois é. O texto de Alston e Mueller argumenta que as instituições realmente melhoraram no Brasil. O Bernardo Mueller sustenta que agora mesmo o pior presidente não consegue fazer um governo ruim porque tem as mão amarradas pelas instituições e pela realidade.
Lá vai uma hipótese (talvez) não-testável-e-que-alguém-já-deve-ter-escrito-melhor-do-que-eu: existe um efeito-catraca :em uma crise, as reformas são feitas. Com cai a tensão, a catraca fica folgada e as instituições pioram um pouco. Mas quando o bicho pega mesmo, o governo faz o que deve fazer. O caso recente das concessões/privatizações (escolha o termo que mais gostar ) seria a mais fresca evidência em favor dessa tese.
Essa catraca explicaria o porquê do Brasil, aos trancos e barrancos, ter se transformado em um país mais normal nas últimas décadas. E é nessa hipótese que fundamento o meu medo de que o pré-sal leve a uma maldição dos recursos naturais por via institucional... Mas isso é outra história.

9 comentários:

Anônimo disse...

Pelo menos uma economista escreveu sobre o mensalão:
http://www.elianacardoso.com/pdfs/1345632084.pdf
Para a Eliana, o mensalão existiu, apesar da força da tese relativista de justiça (os fatos dependem de quem interpreta). Mesmo que alguns afirmem que o julgamento não é justo porque há a pressão da opinião pública e existe o problema do autoengano, o que decidirá a parada são os honorários advocatícios. E como conclui Eliana: os réus do mensalão não cometeram o erro de economizar em honorários ao pagarem fortunas a advogados famosos. Agora a afirmação é minha: o julgamento não passa de estrategema petista para livrar a cara dos políticos petistas ligados ao mensalão. Sairão livres e inocentados para fazerem política e recuperarem logo a fortuna que pagaram aos advogados.

Anônimo disse...

Bem, enquanto os debates no Brasil ficarem no "bioma" privatizado ou concedido, privatização x concessão, dá para considerar que a qualidade da liderança e das políticas permanece ruim nos últimos quase dez anos.
Só dá para perceber que as privatizações da segunda metade dos anos 90, foram as medidas mais acertadas já tomadas no Brasil.

Hoje, há intenção do governo em investir R$ 133,00 bilhões. E não há, ainda, certezas de onde sairia tal montante de dinheiro.
Primeiro lança-se a ideia mirabolante. Depois, busca-se uma outra ideia mirabolante para justificá-la. Assim, vai de mal a pior.

Quanto ao mensalão, Anônimo, será difícil ocorrer a condenação de todos, como também muito difícil a absolvição de todos.
Qualquer uma das teses do Relator e do Revisor, serão debatidas e votadas pelo Colegiado do STF.
É de crer-se não ser bom imaginar que o STF possa ser influenciado pelos eventuais ou virtuais milhões que um réu possa dispor para seu defensor.

Anônimo disse...

Jesus e Sócrates não recorreram a advogados para se defender das acusações. Algum utilitarista (que vê motivação econômica em tudo) dirá então, vai ver que, mesmo inocentes, foi por isso que ambos foram condenados.

Anônimo disse...

Desculpa Leo por encher o teu blog sobre o assunto. Mas pela importância, vale a pena os economistas entenderem o que está acontecendo. O endereço a seguir explica a estratagema para livrar a cara dos políticos petistas ligados ao mensalão:
http://www.manoelpastana.com.br/index.php/noticias/511-mensalao-o-que-poucos-sabem-e-o-brasil-deveria-saber.html

Irineu de Carvalho Filho disse...

Entao pode ficar sossegado, Leo, porque o pre'-sal tem um cheiro bem forte de meia verdade (eufemismo meu). Eu aposto com quem quiser que a producao brasileira de petroleo entre 2012 e 2022 nao vai crescer mais do que 30%.

Leo Monasterio disse...

Triste é torcer contra o pre-sal, como quem torce para que aquele parente alcolatra nunca ganhe na loteria.

Sobre o mensalao: na boa, eu nao tenho nada a dizer.

Irineu de Carvalho Filho disse...

Leo,

Nao entendi seu comentario.

Diga-se de passagem, eu nao acredito que exista uma maldicao de recursos naturais. Portanto, no meu modelo do mundo, descobrir petroleo no fundo do mar eh bom para o pais mesmo depois que considerarmos os riscos (exagerados) de deterioracao institucional.

Mas tambem nao acredito que o pre-sal seja aquilo que foi anunciado, opiniao alias compartilhada pelo mercado (vide comportamento das acoes da PBR) e pelas companhias de petroleo privadas (vide a rapidez com que elas querem se livrar de suas participacoes no pre-sal).

Por isso digo que a producao de petroleo brasileira deve ate aumentar nos proximos 10 anos, mas nao da maneira que o pre-sal for vendido por motivos de propaganda. Minha aposta eh que nao vai crescer mais que 30% em 10 anos.

Anônimo disse...

Também não entendi o comentário: é o Leo que torce contra o pré-sal? Ou foi apenas uma ironia para os nacionalistas de araque que afirmam que ganhamos a megasena?

Leo Monasterio disse...

Irineu,
Relendo o meu comentário, percebi que deu margem a mal entendidos.
Eu quis dizer que fico triste comigo mesmo por torcer contra o pré-sal pq - dado o risco de lambança institucional - temo que seu sucesso um tiro no pé para o Brasil tomar jeito no longo prazo. Enfim, o "triste" do meu comentário se referia a minha própria torcida e não ao teu comentário.
Sim, pode ser exagerado meu medo do Brasil regredir para a qualidade institucional de uma Venezuela. Mas, sei lá, América Latina é um lugar estranho mesmo.

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