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Coisas que eu aprendi sobre a China nesta semana

"Capitalism with Chinese Characteristics" Yasheng Huang

O livro desfaz tudo aquilo que eu achava que sabia sobre a China. Ele é resultado de uma pesquisa profundo nos dados e documentos. Ao que parece, os ocidentais entenderam tudo errado. Se o autor estiver certo:

  •  O capitalismo chinês nasce no campo, nos anos 80, de baixo para cima, nas províncias mais pobres. Tudo indica que esse crescimento foi o maior responsável pelos avanços sociais dos mais pobres; 
  • Nos anos 90, há um retrocesso deliberado na liberalização. O privilégio passa a ser para as empresas estatais e para o capital estrangeiro e o desenvolvimento nas áreas rurais é reprimido. O resultado é o aumento na desigualdade e piora - por vezes absoluta! - nos indicadores sociais;
  •  Boa parte das TVE (Town and Village Enterprises) eram - ao contrário do Stiglitz e outros acreditaram - empresas privadas; 
  • Shanghai é o exemplo de tudo que há de errado no capitalismo chinês. Pouco empreendedora, intervencionista e desigual. Ou seja, o exato oposto que muitos visitantes (inclusive eu) observaram. 
Algumas críticas: 
  • O estilo do livro é bem repetitivo. O autor repete os mesmos pontos uma centena de vezes; 
  • Claro que eu não tenho conhecimento sobre a China para criticar a qualidade dos dados e das análises. Fico só imaginando se ele não está contando uma história que é frequente nos países em rápido desenvolvimento. A partir de certo ponto, a política pública passa a favorecer os setores urbanos mais próximos do Estado e das grandes empresas em detrimento dos demais. 
O autor destrói a visão de que o estado chinês foi exemplar na condução da transição para o capitalismo. O que deu certo aconteceu apesar da atuação do Estado. Portanto, as supostas lições chinesas são mais do que questionáveis.  Enfim, mesmo que o livro tenha lá seus exageros, ele é obrigatório para qualquer um interessado sobre a China.


Do Chinese Factory Workers Dream of iPads?

Ótimo título, ótimo texto:
We must be peculiarly self-obsessed to imagine we have the power to drive tens of millions of people on the other side of the world to migrate and suffer in terrible ways. China produces goods for markets all over the world, including for its own consumers, thanks to low costs, a large and educated workforce, and a flexible manufacturing system that responds rapidly to market demands. To imagine that we have willed this universe into being is simply solipsistic. It is also demeaning to the workers. We are not at the center of this story—we are minor players in theirs. By focussing on ourselves and our gadgets, we have reduced the human beings at the other end to invisibility, as tiny and interchangeable as the parts of a mobile phone. Chinese workers are not forced into factories because of our insatiable desire for iPods. They choose to leave their farming villages for the city in order to earn money, to learn new skills, to improve themselves, and to see the world. And they are forever changed by the experience. In the latest debate over factory conditions, what’s been missing are the voices of the workers.
A revolução industrial chinesa gerou o maior ganho de bem-estar da história humana. O meu espírito do contra lembra, contudo, que só porque o trabalhador diz que está tudo bem, não quer dizer que está, de fato, tudo bem.
Eu tenho uma métrica para avaliar os países. Quanto mais parecido com  uma Holanda com praia o país for, melhor. Ou seja, o negócio é democracia liberal + capitalismo + welfare + tolerância + sol.
Mesmo que a tal "voz dos chineses" (ou brasileiros ou qualquer outro povo) digam que está tudo bem, eu - autoritário como sempre - digo que não está. E fico um pouco incomodado (Não muito. Apenas o suficiente para satisfazer a imagem falsa que tenho de mim mesmo) com o fato do sujeito que montou o meu iPad viver sem liberdades civis e proteção social.

"When Fast Growing Economies Slow Down: International Evidence and Implications for China" Eichengreen, Park, Shin

Abstract:
Using international data starting in 1957, we construct a sample of cases where fast-growing economies slow down. The evidence suggests that rapidly growing economies slow down significantly, in the sense that the growth rate downshifts by at least 2 percentage points, when their per capita incomes reach around $17,000 US in year-2005 constant international prices, a level that China should achieve by or soon after 2015. Among our more provocative findings is that growth slowdowns are more likely in countries that maintain undervalued real exchange rates.

Ótimo mapa da China na Economist

Aqui.

A China ultrapassou os EUA! (Bem, de certa maneira...)

Em 2008, o PIB per capita da China foi de US$6725 . Com esse resultado, ela ultrapassou os EUA... de 1928! Fonte: Maddison.

Parabéns pelos 100 anos, prof. Coase

No dia 29 de Dezembro, ele virou um século de existência. É mole? O melhor é que ele está super afiado e lançará em Julho um livro novo: How China Became Capitalist. Aí vai uma entrevista ótima. Trechos:

WN: (...) You have high hopes that the future of economics is in China. What makes you think so?

RC: It is obvious. It is the size of Chinese population. A new idea is always accepted only by a small proportion of the population. But a small proportion of the Chinese is a big number.

(...)

RC: I am now 100 years old. At my stage, life requires a constant effort. As I told you many times, do not get old. (...)
Eu coloco o Teorema de Coase e a Teoria das Vantagens Comparativas, como as duas melhores idéias assustadoramente simples e não-triviais (mesmo para gente inteligente) da Ciência Econômica. Aos 20 e poucos anos, em The Nature of the Firm, ele já mostrava a que veio. Ele fez perguntas sensacionais: Por que as firmas existem? Afinal, se o mercado é tão eficiente, por que as firmas funcionam com hierarquia? Mas se a hierarquia é tão boa, por que a firmas não são maiores? A resposta, hoje quase todos concordamos, está nos Custos de Transação.

Chongqing, China (População= 32 milhões)


Economic migrants from the countryside and neighboring provinces have swelled Chongqing at a rate of between 500,000 to 1 million people every year.

Mais imagens aqui.

Mais sobre a cidade fantasma chinesa

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