Os brasileiros mais pobres são tão pobres quanto os mais pobres do mundo...

...e os ricos brasileiros são tão ricos quanto os mais ricos do mundo. (O dado sobre o pobres- confesso - me surpeendeu). E o brasileiro mediano tem uma renda próxima da dos mais pobres dos EUA (Isso eu já sabia).
Veja o sensacional gráfico abaixo (via Economix; sugiro também a leitura do post):

O gráfico foi tirado de "The Haves and the Have-Nots,” de Branko Milanovic. (Ele é o autor também daquele texto com o Lindert e o Williamson que eu acho duca).

Links diversos

PySal - o sucessor do Geoda

O software está disponível para download gratuito. Ele é o resultado da junção dos esforços das equipes dos grandes Serge Rey e Luc Anselin. Vou instalar agora.
(A propósito, se você se interessa pelo assunto, que tal também instalar o IpeaGeo, o ótimo software de análise e econometria espacial do IPEA?)

A China ultrapassou os EUA! (Bem, de certa maneira...)

Em 2008, o PIB per capita da China foi de US$6725 . Com esse resultado, ela ultrapassou os EUA... de 1928! Fonte: Maddison.

Frei Betto teria lugar garantido o inferno

Olhem o que ele escreveu:
O ecocídio da Região Serrana fluminense tem culpados. O principal deles é o poder público, que jamais promoveu reforma agrária no Brasil. (...)
Darwin ensinou que, na natureza, sobrevivem os mais aptos. E o sistema capitalista criou estruturas para promover a seleção social, de modo que os miseráveis encontrem a morte o quanto antes. É esse darwinismo social, que tanto favorece a acumulação de riqueza, que faz dos pobres vítimas do descaso do governo.

Pena que o inferno não existe. O cara conseguiu ofender as vítimas, Darwin, Marx, as minhas sinapses e o meu estômago ao mesmo tempo. Parabéns.

Todo federalismo é bom?

No Forum of Federations eu estranhei que havia gente defendendo que o federalismo fosse ensinado nas escolas. Ora bolas, federalismo não é uma ideologia ou um valor em si. É apenas uma ferramenta. Esse texto do Shikida e do Ari na Revista da AMDE dá uma bela introdução ao tema e destaca o que é "federalismo preservador de mercados".

A Physicist Solves da City

O leitor Ricardo Horta me avisa de um artigo na NYT Magazine sobre o trabalho do físico Geoffrey West e Luís Bettencourt. Eu agradeço o envio do link. O texto é interessante, bem escrito e tal. O problema é que ignora que a literatura sobre Ciência Regional e Urbana já havia chegado antes aos padrões que West teria descoberto.
A vida é assim mesmo. Ciências que se acham superiores entram em território alheio, ignorando o conhecimento já produzido. Os físicos entram no campo da Economia; os economistas, na Ciência Política. Por vezes o resultado é legal, mas muitas vezes trata-se da reinvenção da roda. Pretendo ler o trabalho original para ver em qual categoria ele se encaixa.

Leitura obrigatória sobre Economia Urbana

O número de Agosto 2010 do City Journal está muito bom. Vejam só:
  • Ed Glaeser -Start-Up City Entrepreneurs are the heroes of New York’s past and the key to its future.
  • Mario Polèse- Why Big Cities Matter More than Ever: Seven reasons
  • Brandon Fuller e Paul Romer - Cities from Scratch A new path for development
  • Guy Sorman - Asian Megacities, Free and Unfree: How politics has shaped the growth of Shanghai, Beijing, and Seoul
  • Victor Hanson- The Destiny of Cities: Throughout history, forces both natural and human have made cities rise and fall.

Autopromoção atrasada

Três publicações em que estive envolvido em 2010 e não comentei aqui:
  • "Mudanças na concentração espacial das ocupações nas atividades manufatureiras do Brasil, 1872-1920" com o Eustáquio Reis foi publicado no livro BOTELHO, T. R. (Org.) ; LEEUWEN, M. H. D. V. (Org.) . Desigualdade social na América do Sul: perspectivas históricas. Belo Horizonte: Veredas e Cenários, 2010. v. 1. 304 p. (Não encontrei o link do livro, nem no site da editora).
  • Quantifying Urban Centrality: A Simple Index Proposal. com os colegas de DIRUR-IPEA Vanessa Nadalin e Rafael Pereira. A Vanessa foi para Denver apresentar o nosso trabalho na North American Regional Science Conference. Ainda teremos que comer uns 38 pedaços de abacaxi na banca da Galeria dos Estados para fechar o trabalho, mas já está bem legal.
  • Colaborei com o comunicado DIRUR "Desigualdade regional recente: uma nota a partir de dados estaduais".

Update: o comunicado têm um gráfico errado. Peço desculpas.

"Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic." Arthur Clarke

A última inovação que me deixou boquiaberto é o Aeroccino. Você coloca o leite frio e aperta um botão. Silêncio. Uns minutos depois você tem a melhor espuma quente possível para capuccinos. Deve ser uma daquelas tecnologias alienígenas que o personagem do David Bowie trouxe (a outra, vocês sabem, é o GPS).

Contra o histórico e o natural

Em um dos comentários do blog do Mão Visível, alguém criticou Cancún porque seria "meio fake". E existem aqueles que acham que qualquer horizonte com montanha e lagoa são melhores do que um conjunto de arranha-céus paulistas.
Eu estou do lado do fake. O que chamam de fake é o resultado colossal do engenho humano e da mistura de influências. Eu concordo com aquele cara que comemorou as realizações da burguesia que "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, as catedrais góticas." Afinal, o que fake em um século (ou milênio) vira histórico em outro e os arquitetos do passado também usavam referências de outros lugares. Vou mais longe e acho Las Vegas uma das maiores criações humanas. Pô, ela tem a sua Torre Eiffel, skyline de Nova Iorque e Veneza (com direito a shopping com canais - de água limpa! - no corredor). Tudo junto, copiado, misturado, brega e no meio do nada.
Mas esperem cinco séculos e Las Vegas será considerada uma obra original e nada "fake".
Claro que é esquisito hoje uma Estátua da Liberdade na Barra-RJ (opa, a "original" também foi uma aberração em algum momento). E os cariocas - orgulhosos da beleza natural da cidade - se esquecem que a praia de Copacabana, o Aterro, o Corcovado e Pão-de-açúcar só ganharam com intertevenção humana. Viva o fake!
(O próximo post da série será: "Viva a pizza de sushi!")

Parabéns pelos 100 anos, prof. Coase

No dia 29 de Dezembro, ele virou um século de existência. É mole? O melhor é que ele está super afiado e lançará em Julho um livro novo: How China Became Capitalist. Aí vai uma entrevista ótima. Trechos:

WN: (...) You have high hopes that the future of economics is in China. What makes you think so?

RC: It is obvious. It is the size of Chinese population. A new idea is always accepted only by a small proportion of the population. But a small proportion of the Chinese is a big number.

(...)

RC: I am now 100 years old. At my stage, life requires a constant effort. As I told you many times, do not get old. (...)
Eu coloco o Teorema de Coase e a Teoria das Vantagens Comparativas, como as duas melhores idéias assustadoramente simples e não-triviais (mesmo para gente inteligente) da Ciência Econômica. Aos 20 e poucos anos, em The Nature of the Firm, ele já mostrava a que veio. Ele fez perguntas sensacionais: Por que as firmas existem? Afinal, se o mercado é tão eficiente, por que as firmas funcionam com hierarquia? Mas se a hierarquia é tão boa, por que a firmas não são maiores? A resposta, hoje quase todos concordamos, está nos Custos de Transação.

Spatial Econometrics Summer School - Roma 2011

Aqui. Os professores? Paelinck, Greene, Kelejian, Pesaran, Baltagi, Arbia e Bivand. É mole?

R+ ArcGis+ um monte de dados= mapa super bacana

Belo mapa dos tempos de viagens das bicicletas envolvidas no sistema de aluguel em Londres. (Dica do Shikida)

Immigration and the origins of regional inequality: Government-sponsored European migration to Southern Brazil before World War I

O artigo que o Irineu e eu fizemos está on-line. Comentários continuam sendo bem-vindos.

Eu sou eu e meus preços

Eu ainda estou de férias, viajando. Tenho dado a minha modesta contribuição para a desvalorização do real e para a recuperação da economia norte-americana. (Depois não digam que eu não faço a minha parte!!!).
A viagem está sendo mais intensa do que eu tinha imaginado e não tem sobrado tempo para postar. Mas aí vai uma ponto que me lembro quando estou fora e que o post do Cristiano reforçou. Viajar é um ótimo exercício. De um momento para o outro encaro um novo vetor de preços e preciso alterar a minha cesta de uma hora para a outra. Nos EUA, eu viro um ávido consumidor de fast food; na França, fico metido a gourmet e até bebo vinho (coisa que raramente faço no Brasil). Na Etiópia -aproveitando o efeito Balassa-Samuelson- fui até em uma casa de massagem (terapêutica!!!).
Claro que isso é evidente para todo aluno de Micro I. Mas a viagem faz com que eu me lembre que o que faço no Brasil não é uma rotina, ou um hábito de consumo rígido. É o resultado de um processo de maximização para um dado vetor de preços relativos.
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