Uma avaliação do ano

Extremos. Em 2011, fui com o Tyler Cowen no Amigão. Foi também o ano em que o Sérgio Mallandro fez gluglu para mim (gluglu-para-tu...). Um bom ano. Segue uma foto do segundo encontro.




Boas festas para todos.




Um bom motivo para ter filhos gêmeos?

- Vestir um como "Control" e outro como "Test". Via MR.

Spontaneity or slogans: the lessons of Václav Havel’s greengrocer

Eu nunca li o Vaclav Havel. (Se eu me lembro bem, ele era um dos personagens da ótima Rock'n'Roll do Tom Stoppard, né?). Também não curto muito o John Kay, mas o texto está muito bom.
Feliz natal para todos.

Joachim Voth e os calotes espanhóis

Ele é um dos gigantes da cliometria . Ele estuda de tudo e com o Maurício Drelichman mantêm uma linha de pesquisa sobre o Felipe II, o rei da Espanha, na segunda metade do século XVI. O Rei era muito caloteiro: 4 defaults durante o reinado e sempre atrasava os pagamentos. Em um artigo publicado no Economic Journal eles explicaram a racionalidade dos genoveses em continuar emprestando para o borrower from hell . (O Braudel toma uma tremenda surra).
Na semana passada eles apresentaram aqui mais um paper da série: Risk sharing with the monarch: contingent debt and excusable defaults in the age of Philip II, 1556-1598. Ele mostram que os contratos com o Felipe II eram muito sofisticados. Eles tinham cláusulas que consideravam a possibilidade de eventos inesperados, como a frota de galeões não chegar a tempo com a prata das Américas.  (Melhor pergunta e resposta do seminário: P: Pela própria proximidade entre os banqueiros e o rei, faz sentido tratar como se fosse um mercado de crédito e a teoria moderna de default? R: Você acha que hoje é muito diferente. Os genoveses eram os Goldman e Sachs da época.)

Quantificando a centralidade urbana: uma proposta de índice simples e comparação internacional

Verdazul da cor do mar

Sorte, história e o próximo maluco

E se Kim Jong Un for um pouco menos maluco que o pai? Ou um pouco mais? Ou muito mais? Nessas horas, eu sou levado a concordar com o Kahneman no "Thinking, fast and slow" (ainda estou lendo):
"The idea that large historical events are determined by luck is profoundly shocking, although it is demonstrably true."
Como ele escreve, houve um momento em que havia 50% de chances dos pais do Hitler gerarem uma menina e o século XX teria sido  bem diferente.
A história não tem sentido. Tentamos construir uma narrativa depois dos eventos, que ignora por completo o papel do acaso. E só.
A propósito, Kim Jong Un looking at things. (Obrigado ao Drunkeynesian pelo aviso)

-1

Só lamento o fim do tumblr Kim Jong-Il looking at things.
A propósito, ontem eu assisti The Autobiography of Nicolae Ceausescu. Curioso como ditadores gostam de-olhar-para-coisas. No final da vida, ele ia até em inauguração de padaria no interior da Romênia.
Juntando os assuntos, a visita do Ceausescu ao pai do Jong-Il é impressionante (pule para o 3:00). 

Zotero

Agora não há mais desculpas para não usar o Zotero. Você não precisa mais do Firefox; ele roda direto no Windows, Mac e Linux. Estou usando a versão standalone e é uma beleza. Uma vez instalado, lembre-se que o formato ABNT está disponível.

Hitchens

Lamento muito. Eu torcia por ele. Eu já postei no blog, mas vale a pena repetir:
Atualização: os melhores momentos dele na tv.

Diversos

- Via Laurini, o número especial da BRE em homenagem ao Ricardo Paes de Barros;
- Via Shikida. O rent seeking e o BNDES. Mais um ótimo trabalho de Lazzarini e cia;
- Serviços são a nova manufatura (Lembrete: tenho que ler o texto com bastante cuidado)
- Mansueto sobre a criação de novos municípios/estados.
- Bordas fantasmas. A divisão entre Alemanha Ocidental e Oriental é beeeem mais antiga do que eu pensava. Dica do Alexandre Rocha.
- Eu já recomendei o blog do Eli Dourado? Se não, eu já deveria ter feito.

Uma bicicleta para um peixe

Na boa, para quê servem pesquisas de opinião?

Seminários, jornalistas e Dani Rodrik

Uma parte do argumento do Rodrik está correta. De fato, o que os economistas dizem nos seminários fechados é distinto do discurso público. Nos seminários baixamos a guarda, discordamos bem mais e somos mais céticos. E daí?
Os médicos dizem : "Faça mais exercício" ou ¨Coma mais vegetais". Não precisa ser o  Dr. House para imaginar situações em que essas recomendações piorariam o estado do paciente. Contudo, como norma geral, o conselho médico segue válido. É bem arriscado trazer a público certas discussões de saúde pública.
O mesmo acontece na Economia. Casos extremos como bens de Giffen e crescimento empobrecedor - para pegar os mais simples - só são ensinados quando o aluno já entendeu o núcleo da teoria econômica. Quer  na Medicina, quer na Economia, ou qualquer outra área (séria) certas discussões são feitas internamente antes que o debate seja aberto para o público não especializado.  E não há nada de errado com isso.
Atualização: Por coincidência, o  The Browser me aponta hoje para um texto relacionado com o assunto do post: Democracy is not a truth machine.

Um benefício extra do "Não" paraense

Como meu colega Rogério Boueri argumentou, o "não" para o desmembramento do Pará fez um bem tremendo para as finanças públicas (aka "seu bolso") e para a racionalidade econômica.
Agora, para quem faz trabalhos empíricos, a decisão dos eleitores paraenses nos poupará de um monte de ¨Dissolve¨ no ArcGis da vida! Que alívio!
Atualização: corrigi o título! Obrigado aos que me avisaram!

Diversos

Madri - primeiras impressões

Alguém disse que o especialista em um país é alguém que ficou ou 3 dias ou 10 anos. Como eu estou saindo da primeira categoria, aí vão os meus pitacos:
  • Os serviços funcionam bem em Madrid. Abrir conta no banco foi moleza e as pessoas são prestativas e diretas;
  • Sem ligar a televisão, é impossível perceber sinais  de crise. Lojas cheias, decoração natalina e restaurantes entupidos de espanhóis (Não sei se são turistas visitando a capital);
  • Corte de cabelo por 6 euros. Eu nem precisava ter cortado o pouco que me resta em Brasília. Isso é estranho: os preços relativos estão próximos dos brasilienses. Por Balassa-Samuelson, os serviços aqui deveriam custar mais caro do que as manufaturados. No olho, isso não está rolando. Sinal da crise aqui e do crescimento recente do Brasil?*
  • Para uma cidade latina, Madri é bem silenciosa.
* Atualização: quando eu fiz o post, eu comi mosca e não me lembrei que um câmbio sobrevalorizado também muda os preços relativos internamente.

Diversos

- O ótimo Mesoeconomia, o livro de contabilidade social (e muito mais) do mestre Duílio e cia foi premiado pelo Jornal do Comércio;
- Aquele abraço para todos os amigos que estão na ANPEC/SBE. Depois me contem as fofocas os avanços científicos;
-  Leka I Soku é o cara. Scorsese faria um filme ótimo. Imaginem a cena com a bazooka;
- Rede de Economia Aplicada ; É a nata dos pesquisadores brasileiros!!! Só tem craque mesmo!!!

Churros recheado e outras coisas importantes da vida

O jeito mais fácil de se adaptar a um país, todos sabem, é de fora para dentro, comendo. Os churros locais, lamento dizer, foram frustrantes. A massa é igual a brasileira e eles devem ser molhados em um chocolate quente meio-mais-ou-menos. Bendito o imigrante espanhol que inventou o churros recheado em São Paulo e benditos todos os vendedores de churros de Porto Alegre e Rio.
E qual a importância do churros recheado? Ora, hoje a Economia tem a tecnologia para estimar os ganhos de bem-estar decorrentes da introdução de novos bens. Veja a tabela 1 desse trabalho que sintetiza os estudos do gênero. Ok, o churros recheado não é tão importante quanto o chá ou a internet, mas deve ter valido mais do que o Cherrios de maçã e canela. Ao menos para mim, vale bem mais.

Rumo a Madri - pararatibum- bum-bum

Hoje eu vou para o Madri para uma temporada no Departamento de História Econômica da Universidad Carlos III. Tirei uma licença do trabalho e vou com o apoio da Fundacíon Carolina.
O departamento de lá tem muita gente super boa. Eu destaco o Leandro Prados de la Escosura, a grande referência na área, e o Joan Rosés, que tem pesquisas ótimas sobre desigualdade regional no longo prazo na Espanha.
Agora o negócio é torcer que não rolem muitas greves gerais e a Europa resista. Se ruir, já vou logo avisando: não tenho culpa! Quando eu cheguei já estava assim!

Diversos... na correria.

- Eu não sei se eles usaram US$ ppc e nem se os dados estão certos, mas o infográfico do Globo com os PIBs estaduais ficou bonito;
- Beijing workshop 2012 do Coase Institute. Mais do que recomendado!!!
- Boas notícias da África (estranho não destacarem os termos de troca favoráreis, mas o texto é bem bom...);
- Maria Yedda Linhares faleceu.

Atlas digital da América Lusa

Aqui. A interface está ótima, mas ainda falta muita informação. De qualquer forma, os autores estão de parabéns. (Dica foi do Fábio Pesavento)

Mais um prêmio!

Agora foi a vez de Alexandre Ywata, Pedro Henrique e toda a equipe da Assessoria de Métodos Quantitativos com o IpeaGeo. Eles ganharam o Prêmio TI & Governo do Anuário TI & Governo 2011. Vale lembrar que além desse prêmio, só nos últimos meses os colegas da assessoria ganharam o Haralambos (com o Daniel Cerqueira) e o segundo lugar na ENABER (Guilherme Resende). Com exceção do Daniel que é no Ipea-RJ e acrescentando o prêmio do Lucas Mation , estão todos a menos de 50 metros da minha sala (distancia euclidiana)! Eu sou um low-high de premiações! ;-) Parabéns a todos pelo reconhecimento do trabalho!

As consequências de longo prazo da partilha da África

Aqui. E olha que o paper não é do Nathan Nunn! Vai para a lista de leitura, porque a semana será infernal...

Economia Regional e Urbana: Teoria e Métodos com ênfase no Brasil

Finalmente, o livro impresso chegou às minhas mãos. Eu enviarei um exemplar para os  três primeiros dos meus 3,6 milhões de leitores que colocarem o seu endereço postal nos comentários do blog. A versão digital segue aqui. (A propósito, por favor, me me apontem os erros que - com certeza - o livro tem).

"Como firmas industriais reagem a restrições de infraestrutura? Evidências do racionamento de eletricidade de 2001/02 no Brasil"

Com o artigo, Lucas Mation e Cláudio Ferraz ganharam o prêmio de Economia Industrial da CNI. O Lucas é meu colega na coordenação de desenvolvimento federativo no IPEA e o paper é resultado da dissertação de mestrado na PUC-RJ, orientada pelo Cláudio. Valeu, Lucas!

Google Scholar Citations

Eu achei super bacana. (Valeu, Shikida, pelo aviso).

Daniel Cerqueira ganha o Prêmio Haralambos Simeonidis!

Eu já falei do trabalho do Daniel aqui no blog. Nada mais merecido! Parabéns!
(Em breve, outra notícia de prêmio...)

Um teste da hipótese de Roberto Campos

O Roberto Campos considerava que ciclos de autoritarismo eram necessários durante o processo de desenvolvimento. Foi isso o que aprendi no texto de Jaime Constantini e Maurício Bittancourt (em doc). A lógica seria: Crescimento->Desigualdade->Conflitos->Instabilidade->Baixo crescimento econômico. Para sair do último passo seria necessário um choque autoritário para reduzir os conflitos. Os autores se propõem a testar a hipótese no caso brasilieiro com séries temporais. Eu ficaria mais satisfifeito com algo em painel para o mundo, mas já está bem interessante.

Pareto em Cuba?

Quando estive em Cuba*, a coisa que mais me surpreendeu é que até o açúcar do cafezinho vinha em saquinhos da Espanha. Agora o governo permitiu que as cadeias de hotéis comprem direto dos produtores agrícolas locais a preços livres e não mais da agência estatal de distribuição.
OK,.estou chutando, mas imagino que a coisa deve piorar para os cubanos mais pobres (i.e. aqueles que não são do partido ou estão longe do setor turístico). Uma pitada de racionalidade em um hospício econômico pode ter conseqüências perversas.

*Não, não era treinamento. Apenas sol, praia e  mojitos.

XKCD Money. Só clique se você tiver 30 minutos livres

World Congress Regional Science Association International 2012

Epa! Eu já ia perdendo a data. O prazo termina hoje!

What a wonderful world!

Grand Pursuit: the story of economic genius, minha leitura do feriado

Eu recomendo o livro da Sylvia Nassar, a autora da biografia do Nash,  para economistas e também para os demais seres humanos. Eu postei alguns trechos com as melhores fofocas no twitter e facebook. O livro é tão bacana que eu até me animei a encarar a bio do Schumpeter.

Quem é que começou com o papo de "colônia de exploração" e "colônia de povoamento"?

Não foram o Engerman e Sokollof. Nem o Caio Prado Jr.. Descubra um pouco da história aqui.
Atualização: o link parou de funcionar, mas o cache está aqui. Obrigado, Google.

A revolução industrial e o Steven Jobs

Eu conhecia o texto - sublime - do Mokyr (o maior historiador da tecnologia) e Meisenzahl*. Contudo, só o Malcolm Gladwell tem a sacada de usar esse artigo acadêmico para falar sobre o Steve Jobs. Ele merece ser rico e famoso.
* A versão pop-não-econométrica do artigo está aqui.
Atualização: link corrigido depois de vários dias. Obrigado, Drunkeynesian. ( Como vocês podem imaginar, eu estive na estrada, semi-off-line e deixo os posts programados)

Uma alternativa para as áreas mínimas comparáveis

Carlos Bacha e  Renilson Silva propõem uma alternativa para as famosas AMC desenvolvidas pelo Eustáquio Reis e equipe. Eu ainda não entendi exatamente como fazer, mas parece interessante.


Diversos

Deterioração dos termos de troca e volatilidade das exportações

Quanta exploração da periferia! Vejam os riscos da monocultura voltada para a exportação: aqui e aqui!
(Alerta: trata-se de um post irônico)

My house, my life

A propaganda do Gmail me avisou disso. Sou só eu ou vocês também ficaram um pouco assustados?

Novo número do Boletim Radar

O Ricardo Cavalcante, meu amigo e coautor, é o editor do Boletim da DISET/IPEA  e o mais recente número está bem bacana. É leitura obrigatória para os interessados em política de inovação no Brasil.

New Structural Economics e as críticas da Anne Krueger

O economista chefe do World Bank apresenta sua proposta. A Anne Krueger mostra que, como a proposta não tem lá muito de novo, as críticas de sempre seguem valendo:
"What purports to be the “new” part is the assertion that coordination and upgrading of infrastructure should in some way be related to particular industries. It is at this point where a question arises: most economists would accept the view that cost–benefit analysis should be used in the choice of infrastructure projects. If “externalities” and “coordination” are important, are they important for specific industries or for the entire industrial economy? If the former, how are those industries to be identified, and how would the externalties be estimated in cost–benefit analysis? Or would they? If infrastructure is seen to be industry-specific, it is not clear what it is. As with the possible existence of infant industries, it is one thing to believe that there are such industries (perhaps) and quite another to identify ahead of time which they are. And even if such industries exist and are identified, questions arise as to the incentives that would be appropriate for the government to foster these industries. (Would they be firm-specific treatment? Tariffs? Subsidies to firms or industries? Each has huge problems.) And if it is more “conventional,” what is new? If infrastructure is specific to industry (or a group of industries), the same questions must be addressed. (...)
“Picking winners” as industries is difficult; it cannot be firm specific or the usual problems of corruption and cronyism arise. And yet supporting an industry or industries as an undifferentiated entity is difficult: are textiles an industry? Or is synthetic fiber an industry? Or is nylon an industry?"
Vale a pena ler o texto inteiro.

A lei da picaretagem científica

Quanto mais intenso o culto à personalidade em um campo do conhecimento, mais papo furado ele é.

O Rio visto pelo Cristo Redentor

Aqui. Impressionante.

Familismo na Academia

Um belo estudo sobre o familismo nas universidades italianas. Em resumo: depois da descentralização, nos lugares com baixo civismo, os parentes foram contratados pelos departamentos. A academia brasileira tem todos os problemas possíveis, mas o familismo não parece ser uma deles. Por que? Alguma sugestão? Atualização: respostas possíveis: 1) acadêmico brasileiro não confia nem na família; 2) no Brasil, os retornos de educação são tão grandes e os salários relativamente baixos na universidade que o pai usa sua influência para arrumar um emprego fora da academia. 3) na verdade, somos mais meritocráticos do que pensamos.

A Nova Agenda: Desafios e Oportunidades para o Brasil

Seminário hoje no Instituto Teotônio Vilela. Os palestrantes: Gustavo Franco, Armando Castelar, Persio Arida, Bacha... e - not least - o meu colega de coordenação Marcelo Caetano. Super bacana!

A Grande Realocação é a culpada pela Crise de 2008

A intuição de Noah  é a seguinte (via Marginal Revolution): em termos globais, a entrada da China no mundo tornou a mão-de-obra abundante, fazendo que os esforços se voltaram para a realocação física da produção para a Oriente do que na inovação tecnológica. Todo mundo se beneficiou dessa festa e coisa e tal. Com um tanto de Nova Geografia Econômica e umas pitadas de crescimento endógeno surge uma situação em que o core sai perdendo feio.
Eu realmente não sei o quanto dessa tese está certa, nem como testá-la. De qualquer forma, acho que faz bastante sentido.

A participação social pode ser ruim para o planejamento urbano?

A segunda parte do urbanismo austríaco-public-choice :
"...collective choice is inherently biased toward favoring a city’s or neighborhood’s current residents, against potential future residents. This makes policies created through collective choice inherently anti-density and anti-growth. It also means that cities come with a built-in vested interest that wants to protect their property. When planning departments allow this group to protect their interest through the political process, the market process is stifled because entrepreneurs cannot take advantage of available profit opportunities to increase urban density.Furthermore, collective choice leads to many unholy alliances, such as NIMBYs and historic preservationists, NIMBYs and environmentalists who want to protect open space, NIMBYs and those opposed to new transit projects, etc. In other words, collective choice leads to many of the results that urbanists criticize."
A primeira parte da série está aqui.
(Como seguidor do Mancur Olson, eu escrevi algo parecido, muitas luas atrás, sobre os riscos de políticas regionais abertas à participação: ver a página 185 aqui (pdf, 13 MB).)

"36 hours in Brasília", meus pitacos

Eu postei meus pitacos sobre o artigo do New York Times sobre Brasília lá na versão deste blog na língua de Joel Santana.

Diversos

Rodrik e a Política Industrial

O Dani Rodrik encontra convergência incondicional na produtividade do trabalho na manufatura. Valeu, mas como poderia ser diferente? Com o comércio internacional bombando resultado é mais do que esperado. (A bem da verdade, o próprio Rodrik reconhece isso no artigo).
O mais questionável no trabalho, contudo, é o viés de seleção. O autor afirma que o resultado sugere que a chave da convergência de renda está na capacidade do país fazer a mudança estrututral na direção da manufatura. No entanto, ele só pega a convergência de produtividade dos que desenvolveram a manufatura a ponto de estarem na base de dados. Se a indústria quebra ou nem chega a se desenvolver no país, ela sai da amostra.
Tem um outro trabalho do Rodrik (com McMillan) apresentado no seminário do Banco Mundial (Via Escolhas e Conseqüências) que vai na mesma direção. Um Powerpoint do debatedor aponta as partes mais problemáticas do argumento de Rodrik e cia. Claro que não sei da réplica, mas achei os pontos bem pertinentes.
Voltando para o caso brasileiro, vale ler o Mansueto sobre a produção de Ipads aqui..A minha posição, vocês sabem, é de que isso passa de cargo cult.

O preço de não ter estudado direito a Formação Econômica do Brasil

O cara lê o Celso Furtado como verdade revelada. Ele passa a acreditar que a indústria só começou em 1930 e que o café só foi importante quando foi queimado.

Por que a educação primária no Brasil foi (e é) tão ruim?

"No Brasil, a expansão educacional (...) atingiu taxas brutas de matrícula no primário de 98% apenas na década de 1990, enquanto países como Argentina(...) registravam 97% de crianças matriculadas na década de 1950 (Frankema, 2008, p. 215). Além disso, se observarmos as taxas de alfabetização, veremos que em 1950 o Brasil apresentava taxa de 49,3%, enquanto Argentina e Estados Unidos estavam muito à frente (88% e 97% respectivamente). Mesmo em 2000, o Brasil ainda não havia alcançado a taxa argentina de 1950, uma vez que apenas 85% da população era alfabetizada: situação pior que a da Bolívia (86%) (Bergès, 2009, p. 28)."
A explicação para o péssimo desempenho brazuca: o Governo Federal passou a responsabilidade da educação primária para os estados e municípios, os quais não tinham capacidade fiscal para arcar com os custos. Além disso, a baixa participação eleitoral, mesmo no sub-período democrático, desincentivou os investimentos em educação. Uma outra bomba que deveria corar os viúvos do Vargas: não só o Gustavo Capanema nem estava aí para a educação primária, como o desempenho educacional foi bem ruinzinho no período. O Thomas, a propósito, é da novíssima geração de historiadores econômicos quantitativos, blogueiro e  foi orientado pelo Colistete.

Diversos

Economia Regional e Urbana: Teorias e métodos com ênfase no Brasil

Download aqui. Por favor, divulguem.
Comentários e críticas são mais do que bem-vindos.

Manual de Economia Regional e Urbana para download

De graça! Economia regional e urbana : teorias e métodos com ênfase no Brasil (em pdf). Os organizadores são os colegas do IPEA Bruno Cruz (foi ele quem teve a iniciativa), Bernado Furtado, Waldery Rodrigues Jr e este que vos tecla. As cópias impressas sairão do metafórico forno em breve.
Ficou bem legal. Tem de tudo por lá: Economia Regional, Urbana, Econometria Espacial,  CA, CGE, NGE e outras letrinhas. Ah, e a Introdução foi escrita pelo grande Jacques Thisse!
Por favor, caro leitor, espalhe a boa nova!

Ainda a estranha distribuição dos pequenos municípios

Eu dei uma outra olhada na questão. As linhas vermelhas indicam as mudanças de faixa do FPM (10188, 13584 e 16980 habitantes).
Ficou mais claro, não?. Eu tentei ver se o problema não estaria em alguns declarantes afirmando que teriam um número absurdo de pessoas no domicílio. A chave não parece estar aí:

Há um município com mais de 5 habitantes por domicílio, mas não há uma relação clara. (O curioso - mais uma vez - é não haver quase nenhum município na proximidade esquerda da linha mágica de 10.188 habitantes.)
Outra coisa que eu aprendi é que o estranho padrão já estava presente na primeira versão dos dados do Censo.
Alguma sugestão para descobrir a chave do mistério? Ou seja, como se faz para adicionar uma centena de habitantes em um município?

Economia Urbana Austríaca

Um belo post sobre a abordagem austríaca do (não)planejamento urbano;
"Critics of free market urban development may argue that this system (:free market) will produce less-than-perfect cities, so city planners should step in to make improvements. The Austrian response is that of course the free market cannot produce utopian cities, but no other system could do better. Believing that a regulated city would be superior to the market outcome is succumbing to the Nirvana fallacy. Markets aren’t perfect, but they’re the best we’ve got."
Não dá para levar as conclusões dos austríacos até o fim, mas muitos pontos são relevantes. A propósito, o livro magistral da Jane "austríaca-sem-saber" Jacobs "The Death and Life of Great American Ciites" completou 50 anos em 2011.
Atualização: consertei o link. (Grato ao anônimo que me avisou)

Existe problema regional?

O paper do Samuel Pessôa agora em uma versão sintética. Quando eu era professor, o artigo era leitura obrigatória dos meus alunos de Economia Regional e acho muito bom. Nunca consegui refutar sua argumentação, mas tentei organizar a polêmica em um texto beeem preliminar aqui.

Diversos

Algo errado nos pequenos municípios brasileiros

OK, eu não estou soltando nenhuma bomba como a do colega Daniel Cerqueira. Os gráficos abaixo tratam de algo já bem conhecido pelo pessoal de finanças públicas. Vejam os kernel de densidade das populações dos municípios brasileiros com população menor que 20 mil habitantes nos anos censitários recentes:




Epa, que picos secundários esquisitos esses! Notaram que perto de pouco mais de 10 mil, 13.5 mil e 17 mil habitantes existem uma maior concentração de municípios? Ou Christaller vale surpreendentemente no Brasil ou existe algo errado! O "algo errado" é bem conhecido: são as faixas do Fundo de Participação dos Municípios. Como são categorias populacionais fixas que determinam os coeficientes do FPM, os municípios tentam a todo custo ficar na faixa superior. Uma dezena de habitantes pode fazer uma tremenda diferença para os cofres municipais.
- Aqui está o básico sobre FPM (ver página 19 para a tabela de faixas populacionais e coeficientes);
- O TCU já esta por dentro do problema e o discute aqui.
- Obs: o pico de municípios muito pequenos já foi explicado na dissertação premiada do Shikida sobre emancipações no Brasil: aqui.

Ainda a violência: a fraude no RJ

O Daniel Cerqueira, da DIRUR- IPEA-RJ, argumenta que os dados de homicídios recentes do Rio de Janeiro estão sendo manipulados. As evidências me parecem acachapantes. O paper é super bom, com todo o cuidado estatístico, logit multinomial e o escambau. . Para um resumo não técnico, leia no Elio Gaspari.
(Que vergonha a minha! Eu não só divulguei os dados da queda dos homicídios aqui, como defendi sua precisão nos comentários do Marginal Revolution. Só recebi o paper do Daniel na semana passada e vou tentar agora desfazer a lambança.)

Vivemos em tempos tranqüilos

A lista das maiores tragédias humanas (via @TimHarford). Tudo muito arbitrário e discutível, mas o interessante é que o número de atrocidades cai ao longo do tempo. Claro, você ainda pode ter o azar de nascer na Coréia do Norte ou na Guiné Equatorial (via @alexbellos), mas a vida tem sido menos "solitária, pobre, sórdida, brutal e curta".

Diversos

Jeffrey Sachs tenta responder ao críticos (aqui e aqui) das millennium villages. Tenta e não consegue;
Porque história oral é tudo, menos História;
Uma pouquinho de esperança para  Coréia do Norte;
Onde será que eu posso baixar ver o documentário?
Física:  levitação magnética (via @TimHarford). Bonus track: concreto.

Enaber: os ganhadores do prêmio Paulo Haddad

O Daniel Suliano (Ipece) levou o primeiro lugar e o Guilherme Resende (Ipea) ficou em segundo. Fiquei muito feliz com as escolhas. Ambos são super competentes e gente boa Daniel é um ótimo blogueiro e, descobri aqui em Natal, é leitor deste blog. O Guilherme, recém doutor pela LSE, já tinha levado o prêmio Europeu com outro artigo e, para a minha sorte, é meu vizinho de andar. Parabéns para ambos!

Na ENABER

Pois é, estou em Natal para o encontro anual da associação brasileira e estudos regionais. Eu os manterei informados aqui ou no twitter @lmonasterio.



Location:Av. Eng. Roberto Freire,Natal,Brazil

Em defesa da agricultura

Eu ainda fico surpreso quando vejo pessoas que eu respeito aceitarem sem questionar aquelas velhas visões de que o setor primário é o setor estagnado e que defender que qualquer manufatura - a qualquer custo - é um bom negócio. Tá, eu admito que vai chegar a hora que os termos de troca vão piorar e tudo mais, mas - peloamordedeus- seria uma boa reconhecer:
 - Existe inovação na agricultura e a agricultura hoje intensiva em tecnologia;;
- A agricultura tem fortes encadeamentos com os demais setores;
- Com a dotação de fatores brazuca seria um crime, em termos de bem-estar, lutar contra o boom de exportações de commodities.

Enfim, até o velho Marx disse que a agricultura se tranformaria em um mero ramo da indústria (em alemão a frase deve ficar melhor). E não tem nada de errado com isso, ora bolas.
Aí vai um video talvez meio exagerado em defesa da agricultura moderna (via meu colega de DISET José Eustáquio Vieira)

Diversos

Em uma semana enrolada, aí vai mais uma lista de links diversos:
- O Irineu mostra que os países com metas de inflação se deram melhor na crise de 2008;
- O Shikida me conta que o governo argentino quer mais Marx, Prebisch, Keynes, Kalecki e Serrano (???) nas faculdades de Economia. Aposto que a reunião da ANGE defendeu o mesmo. Dureza.

- O Celso Barros (ex-NPTO) faz uma resenha do livro da Miriam Leitão. A resenha é tão legal que agora perdi a vontade de ler o livro;
- Você já viu a seta no logotipo da FedEx? Esse e muitos outros. 

Diversos

- Visões equivocadas sobre a ciência (via Tim Harford) E eu ainda resmungo que o cidadão comum não entende vantagens comparativas;
- A democracia avança no mundo;
- Escola de verão em Economia do Desenvolvimento na USP; (fortemente recomendado)
- 8 th BETA Workshop in Historical Economics .(obrigado, Mauro Salvo)

FPE, FPM e os ciclos

Alexandre Rocha e Marcos Mendes chamam atençao para um ponto que tem sido ignorado: os fundos de participação são pró-cíclicos. Some a isso um efeito-catraca dos gastos públicos e o rolo está criado.

Um cartaz verificacionista na UNB

Adorei o "opcional".





Papers da ANPEC e da SBE

Aqui e aqui. Tanta coisa boa e eu não vou para Foz do Iguaçu. (Uma pena porque eu queria muito comprar um casio g-shock e um vídeo cassete quatro cabeças transcodificado em Puerto Stroessner.)

Ameaças críveis e reputação em uma história real

Ouvi ontem. Cena conhecida. Família saindo de férias, malas feitas, tanque cheio e pneus calibrados. Os pais avisam aos casal de filhos:
"-Se vocês brigarem no carro, a gente dá meia-volta."
Batata. Mal pegam a estrada, o pau começa a quebrar entre os irmãos. Calado, o pai pega o primeiro retorno. As crianças, estarrecidas, param a briga. Ao chegar em casa, o pai avisa:
"-Se vocês se comportarem ao longo da semana, viajamos no próximo sábado."
A semana transcorre em paz e a viagem também. O truque: a primeira viagem era mera encenação dos pais. A família nunca teve reservas no hotel e as malas estavam cheias de roupas aleatórias.
Ok, alguém aí sabe como adaptar essa história para ajudar o Tombini?



Diversos

Cachorro velho e a Economia

Dou graças por não ter ido ao Rock in Rio 4 3. (Em 85, um cara que atendia pelo mesmo nome, tinha o mesmo DNA e mais cabelo que eu pegou o primeiro ônibus para a assistir o B-52's e Queen). Hoje eu só encararia sofrimento igual para ver o Clash (circa 1978) ou os Smiths (1989). Quando eu ouço um som novo, eu só levanto a cabeça, bocejo e volto a dormir.
Em Economia, também, estou cada vez mais retrógrado. Eu sou um daqueles caretas e ultrapassados que acha que a Economia estuda a relação entre objetivos e recursos escassos com usos alternativos. Por que essa definição é superior? Porque ela traz para primeiro plano o conceito de custo de oportunidade. Se você entende isso direito, a teoria das vantagens comparativas (ou aqui em inglês) - a segunda melhor idéia que um ser humano já teve -fica moleza. De lambuja, você descobre imediatamente que subsidiar uma indústria significa desestimular outras e que tudo tem um custo.
Bem, agora vou tomar os meus remédios, fazer um chá e jogar dominó na praça.


Como saber que um país tem instituições ruins sem sair do avião?

Basta olhar pela janelinha: se você vir os restos mortais de aviões das vasps e transbrasis o país ainda tem que comer muito feijão com arroz para tomar jeito.

Chucknomics

Brilhante!



Diversos

Rádio, Autoestima e Industrialização de acordo com Luís Nassif

Eu assisto telecatch. Exatamente pelos mesmos motivos, eu  leio o Luis Nassif. Depois de dizer que o sucesso coreano foi baseado no contrabando e no Promocenter, ele afirma::
A industrialização dos anos 30, por exemplo, só foi possível depois de uma década de crise, dos anos 1920, na qual, a partir da disseminação dos rádios, dando expressão a uma cultura popular e erudita que devolveram a autoestima nacional.
A crise dos 80 foi causada.... deixa ver.... pela derrota da seleção canarinho em 82? Ou será que foi a gravação de "Inútil" pelo Ultraje que baixou a nossa moral? Ah, se tivéssemos ouvido chorinho...

Diversos

  • O Drunkeynesian está tão bom que - se ele escrevesse sobre cliometria e afins - eu abandonaria o meu blog;
  • Lendo essa resenha que bate no livro novo do Thomas Friedman, eu descobri que a piada "Nós quem, cara pálida" também existem nos EUA;
  • Os melhores livros de viagem pelos melhores escritores do gênero;
  • O otimismo do Glaeser sobre o futuro da Economia. (Ah, estou devendo um comentário sobre o Triumph of the City).
  • Todas as pessoas sensatas bateram no aumento do IPI de alguns carros importados, mas ninguém o fez tão bem quanto "O" anônimo. Vale a pena ler toda a série.
  • O Seminário de Economia de Belo Horizonte está super bom. A propósito, esqueci de dizer o quão legal foi a viagem para MG na semana passada. O seminário do Tarcísio foi ótimo e foi muito bom rever o próprio, o Eustáquio Reis, o Thomas, o Baten e todos os participantes. No dia seguinte revi Shikida, Ari e a turma do IBMEC. Como bonus track, ainda teve a defesa de tese antropométrica  do Mário Diaz com direito a almoço no Mercado Central junto com Bernardo Lanza, Samuel Pessoa e Cássio Turra. Ah, na véspera, ainda jantei no Xapuri. Enfim, neurônios e papilas gustativas em festa.


Dia mundial sem carro

Não adiantou. Só terei fé na humanidade quando os eleitores não tiverem chilique quando alguém falar de pedágio urbano.

A altura dos brasileiros (1957-1987): primeiros resultados

A crise do começo dos anos 80 impactou as alturas dos nascidos na época. Shikida, Nogueról e eu estamos refazendo o nosso paper anterior, agora com a POF nova. O gráfico mostra as alturas dos homens brasileiros por ano de nascimento.
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