Seminários, jornalistas e Dani Rodrik
Uma parte do argumento do Rodrik está correta. De fato, o que os economistas dizem nos seminários fechados é distinto do discurso público. Nos seminários baixamos a guarda, discordamos bem mais e somos mais céticos. E daí?
Os médicos dizem : "Faça mais exercício" ou ¨Coma mais vegetais". Não precisa ser o Dr. House para imaginar situações em que essas recomendações piorariam o estado do paciente. Contudo, como norma geral, o conselho médico segue válido. É bem arriscado trazer a público certas discussões de saúde pública.
O mesmo acontece na Economia. Casos extremos como bens de Giffen e crescimento empobrecedor - para pegar os mais simples - só são ensinados quando o aluno já entendeu o núcleo da teoria econômica. Quer na Medicina, quer na Economia, ou qualquer outra área (séria) certas discussões são feitas internamente antes que o debate seja aberto para o público não especializado. E não há nada de errado com isso.
Atualização: Por coincidência, o The Browser me aponta hoje para um texto relacionado com o assunto do post: Democracy is not a truth machine.
Os médicos dizem : "Faça mais exercício" ou ¨Coma mais vegetais". Não precisa ser o Dr. House para imaginar situações em que essas recomendações piorariam o estado do paciente. Contudo, como norma geral, o conselho médico segue válido. É bem arriscado trazer a público certas discussões de saúde pública.
O mesmo acontece na Economia. Casos extremos como bens de Giffen e crescimento empobrecedor - para pegar os mais simples - só são ensinados quando o aluno já entendeu o núcleo da teoria econômica. Quer na Medicina, quer na Economia, ou qualquer outra área (séria) certas discussões são feitas internamente antes que o debate seja aberto para o público não especializado. E não há nada de errado com isso.
Atualização: Por coincidência, o The Browser me aponta hoje para um texto relacionado com o assunto do post: Democracy is not a truth machine.
6 comentários:
Dá uma olhada Leonardo: http://www.nber.org/papers/w17431.pdf
No caso do texto do Rodrik, discordo de ti, Leo. Por exemplo, no caso de livre comércio e todo mundo feliz, a coisa não é bem esse de acordo com a própria teoria. Os modelos mais simples de comércio internacional, quando contam com mais de um fator, apontam ganhadores e perdedores com o livre comércio. Além disso, sabemos de todos os possíveis efeitos Dutch Disease dentro de um arcabouço convencional - o modelo de Dutch Disease é um modelo de três setores derivado do Heckscher-Ohlin, e recebeu atenção de caras como Krugman ou mesmo Jeffrey Williamson, principalmente no seu último livro "Trade and Poverty". Defender livre comércio intransigentemente ignorando a discussão de literatura não me parece legítimo em termos teóricos ou empíricos, embora eu reconheça a verdade lógica das vantagens comparativas (quem não reconhece, precisa pensar um pouco, porque é uma questão de lógica). No entanto, existe uma série de outros efeitos (ganhos e perdas dos fatores ou queda do custo médio no longo prazo da indústria com proteção via learning by doing) que devem ser levados em conta.
Ou seja, acho que o Rodrik tem a mais completa razão. ;)
Meu argumento é que existem debates que devem ficar nos seminários de economia e não no público, isso vc concorda, né?
Sobre o caso do livre comércio, mesmo admitindo que existem bons argumentos teóricos para o protecionismo, acertamos - como profissão- recomendando livre comércio como regra geral. Afinal-por motivos que a teoria econômicaaté prevê- o mundo é mais protecionista do que deveria.
Enfim, coma vegetais e se exercite mais.
Abraços!
Sim e não, heaha.
Concordo que a maior parte dos casos de proteção do mundo são mais explicados por economia política do que por qualquer outra coisa. A regra geral, com muitas ressalvas e exceções, é comércio livre. E talvez devêssemos falar das exceções. Vide caso do setor autombilístico chinês, que foi protegido. Restam dúvidas se valeu a pena ou não, mas certamente é discutível (ao contrário da proteção ao nosso setor automobilístico, muito mais lobby do que qualquer outra coisa)
tenho comido vegetais, mas o último futebol me causou dores na perna... coisas da vida. ;)
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