O mito do multiplicador keynesiano e a Grande Depressão

Eu me arrependo de ter ensinado muitas coisas. Nas aulas de Introdução a Economia, circa 1995, um dos erros foi ensinar o multiplicador keynesiano como 1/(1-c) com c=0,8  . Mentes de 18 anos podem guardar isso para o resto das vidas; e pensam que R$1 de gasto público quintuplica o PIB. Era só um exemplo para facilitar as contas e eu não enfatizava o quão esquisito teria que ser o mundo para que isso fosse verdade.
"Ah, mas e a Grande Depressão". Bem, nem naquela época o multiplicador foi tão grande assim. Vejam o texto recente no Journal of Economic History:
The Multiplier for Federal Spending in the States During the Great Depression
Price Fishbacka and Valentina Kachanovskayaa 
 To estimate the impact of federal spending on state incomes, we develop an annual panel data set between 1930 and 1940. Using panel methods we estimate that an added dollar of federal spending in the state increased state per capita income by between 40 and 96 cents. The point estimates for nonfarm grants are higher and for AAA farm grants are much smaller and negative in some cases. The spending led to increase in durable good spending on automobiles but had no positive effects on private employment.
(Uma versão anterior aberta está disponível aqui.)
Vale lembrar também que a Christina Romer, uns 35 anos atrás, já mostrava que foi a expansão monetária - e não fiscal- que tirou os EUA da Depressão.

Um comentário:

victor disse...

Leo,

Vale lembrar que o valor do multiplicador fiscal depende do regime monetário, países que seguem um regime monetário de metas de inflação devem ter um multiplicador fiscal igual a zero, dado que um Banco Central que se importa apenas com a inflação irá contrabalancear qualquer estímulo fiscal com a política monetária para manter a inflação (ou expectativa da inflação) próxima da meta.

Caso a taxa de juros esteja próximo de zero, em países que seguem o regime de metas de inflação, o valor do multiplicador fiscal pode ficar superior a zero.

Abs

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