Hausmann, economistas e dentistas
Tem uma frase do Keynes muito boa, aquela usada pelo Drunkeynesian como lema no blog:
Eu concordo com a frase do Keynes. Economistas devem ser como dentistas, mas dentistas contemporâneos. Ou seja, o cara que diz: "escove os dentes depois das refeições", "use flúor e fio dental", "não coma tanto açúcar" e outros conselhos que descumprimos religiosamente. Ou então que aja como o ortodontista que vai, aos poucos, corrigindo uma ou outra distorção.
O Haussman escreve aqui que os economistas deveriam agir como o autocomplete do google, ou como um cérebro, antecipando os próximos passos. A experiência internacional acumulada apontaria o caminho a seguir na próxima fase do desenvolvimento econômico.
Enfim, eu nem critico a visão "ferroviária" do desenvolvimento implícita na proposição do Hausmann. Eu critico sua ambição. Eu prefiro algo mais modesto, na linha de bom dentista-economista: "prefira rules à discretion", "elimine as distorções alocativas", "combata a inflação" e assim por diante.
"If economists could manage to get themselves thought of as humble, competent people on a level with dentists, that would be splendid."Os dentistas eram arrancadores de dentes na época do Keynes. Gente que agia só no momento de crise para diminuir a dor, mesmo que as custas de um ou dois molares.
Eu concordo com a frase do Keynes. Economistas devem ser como dentistas, mas dentistas contemporâneos. Ou seja, o cara que diz: "escove os dentes depois das refeições", "use flúor e fio dental", "não coma tanto açúcar" e outros conselhos que descumprimos religiosamente. Ou então que aja como o ortodontista que vai, aos poucos, corrigindo uma ou outra distorção.
O Haussman escreve aqui que os economistas deveriam agir como o autocomplete do google, ou como um cérebro, antecipando os próximos passos. A experiência internacional acumulada apontaria o caminho a seguir na próxima fase do desenvolvimento econômico.
Enfim, eu nem critico a visão "ferroviária" do desenvolvimento implícita na proposição do Hausmann. Eu critico sua ambição. Eu prefiro algo mais modesto, na linha de bom dentista-economista: "prefira rules à discretion", "elimine as distorções alocativas", "combata a inflação" e assim por diante.
3 comentários:
Depois que o Hidalgo (frequente co-autor de Hausmann) fez a seguinte crítica, tenho ficado com os dois pés atrás com o pessoal da escola econômica das bolinhas coloridas...
When I read Adam Smith or I read Hayek, at some points in their narratives they always include a more tangible narrative, or story, or description of the economy. It's what I like to call a fairy tale economy, or a Disney economy, in which you have the butcher and the baker and the brewer and the horseshoe maker. They all have a small business and they trade with each other. Basically through the price system, they're able to adjust supply and demand and whatnot, so they're like these little villages of nice small business owners.
Nowadays, obviously if you go to most important cities and you deal with relatively large organizations, they are very different from that. An organization, a multilateral organization, like the World Bank, or the UN, or a company like Xerox or IBM they're like these monsters with hundreds of thousands of people, or at least tens of thousands of people. They're not this fairytale economy in which there's the brewer, the baker and the horseshoe maker.
Chamar a tradição de pensamento do Adam Smith ou do Hayek de "conto de fadas" me lembra a "arrogância fatal" do próprio Hayek... Não que eles sejam perfeitos ou oráculos, mas tampouco são os próprios Hidalgo e outros...
Valeu pelo comentário.
"disney economy" é muito engraçado. Tão engraçado quando "escola econômica das bolinhas coloridas".
Agora todos podem ter suas bolinhas e quadradinhos coloridos!
ISBN 9780262525428
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