Contra o histórico e o natural

Em um dos comentários do blog do Mão Visível, alguém criticou Cancún porque seria "meio fake". E existem aqueles que acham que qualquer horizonte com montanha e lagoa são melhores do que um conjunto de arranha-céus paulistas.
Eu estou do lado do fake. O que chamam de fake é o resultado colossal do engenho humano e da mistura de influências. Eu concordo com aquele cara que comemorou as realizações da burguesia que "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, as catedrais góticas." Afinal, o que fake em um século (ou milênio) vira histórico em outro e os arquitetos do passado também usavam referências de outros lugares. Vou mais longe e acho Las Vegas uma das maiores criações humanas. Pô, ela tem a sua Torre Eiffel, skyline de Nova Iorque e Veneza (com direito a shopping com canais - de água limpa! - no corredor). Tudo junto, copiado, misturado, brega e no meio do nada.
Mas esperem cinco séculos e Las Vegas será considerada uma obra original e nada "fake".
Claro que é esquisito hoje uma Estátua da Liberdade na Barra-RJ (opa, a "original" também foi uma aberração em algum momento). E os cariocas - orgulhosos da beleza natural da cidade - se esquecem que a praia de Copacabana, o Aterro, o Corcovado e Pão-de-açúcar só ganharam com intertevenção humana. Viva o fake!
(O próximo post da série será: "Viva a pizza de sushi!")

Um comentário:

Karyme disse...

Realmente é muito curioso como as pessoas adoram adotar jargões, como esse usado para criticar criações humanas em detrimento das naturais, como se intervenção humana fosse algo necessariamente ruim. Para mim isso não passa de jargão pseudo-intelectual/defensor da natureza.


Ótimo post!

Tecnologia do Blogger.