Minha bronca com a Revolução da Credibilidade

Claro que a revolução da credibilidade foi um avanço. Ed Leamer estava certo quando escreveu Let's Take the Con Out of Econometrics. E Angrist também estava certo quando publicou The Credibility Revolution in Empirical Economics: How Better Research Design Is Taking the Con out of Econometrics. Só que a revolução foi longe demais.
Hoje, assuntos bacanas não são pesquisados porque não dá para aplicar uma das estratégias "novas" para encontrar  causalidade.  O conjunto de problemas investigados são limitados pela ocorrência de alguma esquisitice no mundo que permita a identificação econométrica. (O contra-argumento é que sempre há alguma fonte de exogeneidade; bastaria procurar direito. Pode ser.)
Mas a minha queixa principal é outra:  agora acreditamos demais no autor. Quando a econometria era vagabunda, uns OLS aqui, um painel acolá, ninguém se deixava convencer por um monte de *** junto aos coeficientes. Não éramos trouxas.
Já na revolução da credibilidade, se você compra a estratégia de identificação proposta pelo autor, tem que aceitar o resultado (mesmo que duvide da validade externa). O problema é que -na imensa maioria das vezes-  o autor conhece os eventos que levaram a suposta exogeneidade melhor do que o parecerista (e, claro, o leitor). E é muito fácil esconder as malandragens que poderiam comprometer a identificação. Não adianta compartilhar os dados e o código on-line, se informação crucial não foi compartilhada.
(O post de hoje do Marginal Revolution retrata bem o problema. Se você não conhece tudo da sociedade dinamarquesa, nunca vai encontrar furo.) 

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