O indicador "Doing business" presta?
Sim. Antes de tudo, todo indicador composto - como o IDH, ou o Doing Business- tem um problema básico: é redundante ou enganoso. Como os índices combinam diferentes medidas, se todas andam na mesma direção, o indicador é redundante. Agora, se umas apontam para um lado e outras para outro, a medida é enganosa, pois oculta a variação das medidas que compõem o índice. Enfim, os indicadores compostos devem ser digeridos com cuidado, mas têm seu valor.
O ótimo texto do Hallward-Driemeier e Pritchett mostra que não há correlação entre o Doing Business (DB) e a Enterprise Surveys (ES). O WSJ divulgou isso com alarde, mas não há razão para espanto. Afinal, o DB mede as dificuldade para negócios no papel, enquanto ES, as dificuldades efetivas que as empresas enfrentam. O artigo mostra bem que, quando existe muita regulamentação e os governos são ruins, a variação nas diferenças entre as empresas é imensa. Os amigos do rei contornam a regulamentação com facilidade, outros têm que enfrentá-la.
[Um ponto pouco explorado no artigo: os dados do ES sofrem de viés de seleção. Você só sabe das empresas que existem. Obviamente, as que deixaram de ser abertas pela burocracia excessiva não estão na amostra e a competição (observada ou potencial) é menos acirrada. Esse é o verdadeiro custo da burocracia excessiva].
Deixo vocês com o ótimo parágrafo de fim do texto:
O ótimo texto do Hallward-Driemeier e Pritchett mostra que não há correlação entre o Doing Business (DB) e a Enterprise Surveys (ES). O WSJ divulgou isso com alarde, mas não há razão para espanto. Afinal, o DB mede as dificuldade para negócios no papel, enquanto ES, as dificuldades efetivas que as empresas enfrentam. O artigo mostra bem que, quando existe muita regulamentação e os governos são ruins, a variação nas diferenças entre as empresas é imensa. Os amigos do rei contornam a regulamentação com facilidade, outros têm que enfrentá-la.
[Um ponto pouco explorado no artigo: os dados do ES sofrem de viés de seleção. Você só sabe das empresas que existem. Obviamente, as que deixaram de ser abertas pela burocracia excessiva não estão na amostra e a competição (observada ou potencial) é menos acirrada. Esse é o verdadeiro custo da burocracia excessiva].
Deixo vocês com o ótimo parágrafo de fim do texto:
With weak institutions, the risks of available discretion being abused for rent-seeking and directly unproductive activities are very real, as in the classic critique of Krueger (1974). There is nothing inherently contradictory about believing that industrial policy, if one could implement it well, would accelerate growth but also believing that most countries, and especially those that most need growth, lack the wherewithal for policy implementation. This possibility then raises the question of whether or under what conditions it is possible to devise “institutionally robust” industrial policies that can be implemented even when overall institutions are weak (Hausmann and Rodrik 2006; Rodrik 2008, 2009)
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