Olá, Léo. Parabéns pelo trabalho e pela repercussão que seus estudos têm obtido em vários veículos.
Creio que nem tenha sido sua intenção (jamais vi alguma declaração sua sobre o tema), mas esse comparativo de renda por ancestralidade enfraquece um pouco o argumento em prol de cotas raciais, não? Se por um lado os descendentes de italianos e alemães recebem um salário/hora que equivale ao dobro do observado para negros e pardos, por outro lado os trabalhadores origem ibérica (a maioria dos caucasianos brasileiros) têm vencimentos apenas um pouco maiores, por volta de 10% acima do registrado para negros e pardos.
Não sei o que acha disso (e também não sei se minha interpretação está correta), mas gostaria de saber sua opinião.
Caro Álvaro, O problema é que não esse gráfico não revela muito (ou nada) sobrea as causas dessas difernças. Pode ser desde discriminação de nomes ou de cor (os "estrangeiros" talvez sejam mais brancos), história, diferenças na qualidade da educação, difereças regionais, redes sociais.... Separar uma coisa da outra é difícil... (mas neste exato momento 2 colegas e eu estamos tentando!) Portanto, eu acho que nao dá para inferir nada sobre cotas a partir dessa análise. (Cara, eu realmente não tenho opinião definitiva sobre o assunto) Até o final do ano, se tudo der certo, a gente deve ter mais resultados legais. Abraços, Leo.
Realmente, não é possível apontar causas das diferenças salariais apenas pelo gráfico – imagino que separar renda por região explique bastante coisa (PIB per capita de SC é maior que da BA, por ex.), mas isso deverá ser melhor observado em pesquisas futuras.
Contudo, o que me chamou a atenção é que ao ler outros estudos desse tipo, considerando apenas a cor da pele (sem considerar a diversidade de origens entre caucasianos), os resultados apontam para diferenças salariais de 20%~30% entre os brancos e os negros/pardos. Mas, numa primeira observação dos dados que você estudou, apenas olhando o agregado, parece haver um gap significativamente menor entre brasileiros de pele escura e aqueles de origem ibérica (maior parte da população branca no BR). Novamente, as diferenças geográficas parecem desempenhar um papel importante (gap salarial interregional > gap salarial intraregional), mas aí é só um chute meu.
Enfim, achei curioso e não resisti em dar um palpite, rsrs.
Monasterio, agora que o algorítimo está funcionando para os sobrenomes Sírios Libaneses e espero que para os frances e ingleses futuramente.
O que você não acha de fazer um estudo ainda maior para saber realmente a ancestralidade do Brasil, pois trabalhadores formais é uma coisa, uma amostra maior - só por intuito de curiosidade desde que eu sei que demanda muito tempo - e pegar o sobrenomes dos eleitores do Brasil - que anda nas casa talvez dos 150 milhões - ou mesmo todos os Brasileiros. Eu sou do Sul tenho interesse nos dados da imigração não-ibérica para os Estados Sulistas - principalmente - e depois de SP e dos outros do Sudeste.
Sabe que a América Latina tem uma história de imigração que pouco é contada, talvez um trabalho desses nos nossos países irmãos do Uruguai e da Argentina seria interessante também, quem sabe alguém do país deles não possa fazer um trabalho semelhante.
Se não for possível você poderia dar os números dos Estados de SC, SP and PR como fizeste com os do RGS nessa análise. http://cerdi.org/uploads/sfCmsContent/html/464/Ehrl.pdf
Tendo uma noção real do quanto de pessoas com origem italiana e alemã, polonesa e japonesa, sírio-libanesa que há no Brasil, depois seria interessante ter um dado que comparasse isso com a população carcerária do Brasil, também. Queria ver se eles estão overrepresented or underrepresented.
Anonimo do dia 17, - Dados de eleitores nao estão disponíveis (até onde sei). - Não tenho planos de fazer para SC, SP e PR no mesmo enfoque. Acabei de fazer um outro de imigração-educação que inclui SP. Obrigado.
Anonimo do dia 22, Olha, renda é o determinante principal. Em crimes de colarinho branco, esses grupos estarão provavelmente sobrerepresentados.
Gostaria de saber por curiosidade quais são os Estados mais italianos, alemães e Leste Europeu do Brasil; agora sei que o RS é um pouco mais italiano que alemão segundo o RAIS agora, antes pensava que seria igual ou ao contrário, talvez pq os alemães constem menos no RAIS também, não sei. Mas aí fica uma dica poderia ser feito um artigo no mesmo molde daquele que vc fez constando que 88% dos sobrenomes dos Brasileiros eram de origem portuguesa, mas dando os dados para cada Estado, tenho certeza que boa parte dos brasileiros tem curiosidade sobre esses dados. Só discordo sobre distinguir os ibéricos brancos, dos negros e pardos, é muito difícil dada a miscigenação presente, melhor seria somente dar o dado para os sobrenomes ibéricos.
8 comentários:
Olá, Léo. Parabéns pelo trabalho e pela repercussão que seus estudos têm obtido em vários veículos.
Creio que nem tenha sido sua intenção (jamais vi alguma declaração sua sobre o tema), mas esse comparativo de renda por ancestralidade enfraquece um pouco o argumento em prol de cotas raciais, não? Se por um lado os descendentes de italianos e alemães recebem um salário/hora que equivale ao dobro do observado para negros e pardos, por outro lado os trabalhadores origem ibérica (a maioria dos caucasianos brasileiros) têm vencimentos apenas um pouco maiores, por volta de 10% acima do registrado para negros e pardos.
Não sei o que acha disso (e também não sei se minha interpretação está correta), mas gostaria de saber sua opinião.
Abraço.
Caro Álvaro,
O problema é que não esse gráfico não revela muito (ou nada) sobrea as causas dessas difernças. Pode ser desde discriminação de nomes ou de cor (os "estrangeiros" talvez sejam mais brancos), história, diferenças na qualidade da educação, difereças regionais, redes sociais.... Separar uma coisa da outra é difícil... (mas neste exato momento 2 colegas e eu estamos tentando!)
Portanto, eu acho que nao dá para inferir nada sobre cotas a partir dessa análise. (Cara, eu realmente não tenho opinião definitiva sobre o assunto)
Até o final do ano, se tudo der certo, a gente deve ter mais resultados legais.
Abraços,
Leo.
Realmente, não é possível apontar causas das diferenças salariais apenas pelo gráfico – imagino que separar renda por região explique bastante coisa (PIB per capita de SC é maior que da BA, por ex.), mas isso deverá ser melhor observado em pesquisas futuras.
Contudo, o que me chamou a atenção é que ao ler outros estudos desse tipo, considerando apenas a cor da pele (sem considerar a diversidade de origens entre caucasianos), os resultados apontam para diferenças salariais de 20%~30% entre os brancos e os negros/pardos. Mas, numa primeira observação dos dados que você estudou, apenas olhando o agregado, parece haver um gap significativamente menor entre brasileiros de pele escura e aqueles de origem ibérica (maior parte da população branca no BR). Novamente, as diferenças geográficas parecem desempenhar um papel importante (gap salarial interregional > gap salarial intraregional), mas aí é só um chute meu.
Enfim, achei curioso e não resisti em dar um palpite, rsrs.
Obrigado pelo comentário. Abs.
Pois é, o dado que eu tenho de cabeça é que 25% do decil mais baixo no Brasil são brancos. (A maior parte deve ser com sobrenomes ibéricos e no NE)
Palpites são sempre bem-vindos!!!! :-)
Abraços,
Leo
Monasterio, agora que o algorítimo está funcionando para os sobrenomes Sírios Libaneses e espero que para os frances e ingleses futuramente.
O que você não acha de fazer um estudo ainda maior para saber realmente a ancestralidade do Brasil, pois trabalhadores formais é uma coisa, uma amostra maior - só por intuito de curiosidade desde que eu sei que demanda muito tempo - e pegar o sobrenomes dos eleitores do Brasil - que anda nas casa talvez dos 150 milhões - ou mesmo todos os Brasileiros. Eu sou do Sul tenho interesse nos dados da imigração não-ibérica para os Estados Sulistas - principalmente - e depois de SP e dos outros do Sudeste.
Sabe que a América Latina tem uma história de imigração que pouco é contada, talvez um trabalho desses nos nossos países irmãos do Uruguai e da Argentina seria interessante também, quem sabe alguém do país deles não possa fazer um trabalho semelhante.
Se não for possível você poderia dar os números dos Estados de SC, SP and PR como fizeste com os do RGS nessa análise. http://cerdi.org/uploads/sfCmsContent/html/464/Ehrl.pdf
Se fosse por mesorregiões melhor ainda Leonardo.
Tendo uma noção real do quanto de pessoas com origem italiana e alemã, polonesa e japonesa, sírio-libanesa que há no Brasil, depois seria interessante ter um dado que comparasse isso com a população carcerária do Brasil, também. Queria ver se eles estão overrepresented or underrepresented.
Anonimo do dia 17,
- Dados de eleitores nao estão disponíveis (até onde sei).
- Não tenho planos de fazer para SC, SP e PR no mesmo enfoque. Acabei de fazer um outro de imigração-educação que inclui SP.
Obrigado.
Anonimo do dia 22,
Olha, renda é o determinante principal. Em crimes de colarinho branco, esses grupos estarão provavelmente sobrerepresentados.
Boa, Monasterio. Quando sairá o estudo sobre SP?
Gostaria de saber por curiosidade quais são os Estados mais italianos, alemães e Leste Europeu do Brasil; agora sei que o RS é um pouco mais italiano que alemão segundo o RAIS agora, antes pensava que seria igual ou ao contrário, talvez pq os alemães constem menos no RAIS também, não sei. Mas aí fica uma dica poderia ser feito um artigo no mesmo molde daquele que vc fez constando que 88% dos sobrenomes dos Brasileiros eram de origem portuguesa, mas dando os dados para cada Estado, tenho certeza que boa parte dos brasileiros tem curiosidade sobre esses dados. Só discordo sobre distinguir os ibéricos brancos, dos negros e pardos, é muito difícil dada a miscigenação presente, melhor seria somente dar o dado para os sobrenomes ibéricos.
Abraços.
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