Então você acha que faz parte da classe média?

Pois é, então dê uma olhadinha nos dados abaixo. Se a sua rendimento familiar per capita mensal é maior do que R$2000, então você está entre os 5% mais ricos do Brasil. E se ganha mais do que R$4650, você está entre os 1% mais rico. Inacreditável, né?

Percentil

R$

5

53

10

100

50

375

90

1300

95

2000

99

4650

Fonte: PNAD (IBGE, 2009)

Enfim, apesar do que você tem ouvido, o Brasil é muito pobre e desigual.

18 comentários:

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

aceito, compungido, a pecha de ser da elite. e choca-me constatar que devo ser mais ou menos dos 5% ou 10% inferiores desta. e saúdo os juízes que ganham R$ 30 mil mensais num país que não sabe o que é imposto de renda.
DdAB

Thomas H. Kang disse...

Excelente post, Leo

Ana Barufi disse...

Leo, o que se fala muito da melhoria da renda da população se baseia na análise da renda familiar, não da renda per capita. Assim, a visão que se tem é que uma família com uns 1500 reais já terá uma condição de vida muito melhor, já poderá ser chamada de classe média. Entretanto, imaginando que as famílias mais pobres tenham mais membros do que a média da população, por exemplo, 6, a renda per capita será de 300 reais, ou seja, inferior ao salário mínimo e bastante baixa... De todo modo, acho que um ponto relevante é que com uns 1500 reais de renda já é possível conseguir um empréstimo para adquirir bens em médio-longo prazo. Então, está havendo uma melhora, não dá para contestar, mas talvez ela esteja sendo superestimada...

Matias Vernengo disse...

Grande Leonardo! Bom encontrar seu blog. Só um breve comentário, classe média não é somente renda. Depende de níveis de educação, tipo de profissão, etc. O importante dos dados que vc mostra é desmitificar essa coisa da nova classe media, pq o pessoal pode comprar eletro-domésticos a crédito. Grande abc,
Matías

Leo Monasterio disse...

Ana,
POis eh, eu nao nego que houve melhoria. Meu ponto é apenas que existe um longo caminho pela frente...

Grande Matias!
O pessoal de marketing, sociologia e historia usam outros conceitos de classe media. Ateh aih tudo bem. O problema eh que a maior parte dos meus milhoes de leitores pensa que estah proximo da mediana da distribuicao de renda.
Cara, aparecendo por BSB, entre em contato e tomaremos umas.
Abracos,
Leo.

Anônimo disse...

Olá, Leonardo!

Sou um leitor distante do blog - é meio difícil de acompanhá-lo nos detalhes porque tem muito economês :) mas vou tentando.

Este post é muito válido - não fiquei especialmente impressionado porque já sabia e tudo mais, mas gostei dele porque dá para ficar passando o link.

Por outro lado, tem algo que não entendi: eu nunca, sério, nunca mesmo, ouvi algo diferente de "o Brasil é muito pobre e desigual." Sério que você ouviu isso? Isso sim me estranha!

De resto, parabéns pelo blog. Sinto falta de bons blogs de economia no Brasil. Tem bons economistas escrevendo, mas é difícil acompanhar posts em que mais da metade do texto são ofensas, o que é bem comum entre estes pesquisadores.

Até!

Leo Monasterio disse...

Caro Brandizzi,

Obrigado pelas palavras.

Têm rolado um oba-oba, na economist e no governo, como se agora o Brasil fosse uma potencia, estivessemos em um novo padrao de desencvovimento e que estariamos a um passo de resolver todos os problemas.
Alem disso, eu estou cansado de ouvir gente que eh rica se declarar de classe média.

Christiane disse...

Leo,
Meu primeiro comentario do blog (ainda que leitora distante, via o Claudio ou o Angelo - dignissimo esposo!). O que mais me choca nos dados nao é tanto a divisao - ja imaginava que estaria aburdamente nos 5%, nao imagina o 1% - mas qdo eu penso onde está a mediana e a quantas anda o custo de vida no Brasil, onde tudo está assustadoramente caro, mesmo comparado com outros países desenvolvidos (e nao é só efeito contabil do câmbio... precisaria ter MUITO cambio para, ao menos, igualar isto).
Sao dois lados que nao casam, ou, se casam, é com muito carnê de prestacao (vi no Carrefour que ovos de pascoa podem ser parcelados em até 10 vezes. Parcelar ovo de pascoa!!!!)
Att,
Christiane

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

volto para falar de pobreza e desigualdade. eu sempre achei que a renda é o melhor preditor de tudo: correlaciona com educação, com saúde, com turismo, com excesso de alimentação, com excesso de exercício físico, com tudo! por isto, entendo -diferentemente de um ou dois prêmios nobéis- que pobreza é sinônimo de baixa renda. já viu pobre na Disneylândia? já viu rico morando na favela? (claro, né?, um compra no crediário e o outro compra droga).

não precisa falar mais nada de desigualdade depois da tabela da postagem. ainda não voltamos ao índice de Gini de 1960 (0,49). e, sobre sermos pobres, também cabe-nos lembrar que a renda per capita brasileira (e, como tal, a pobreza, o consumo, tudo isto) é oito vezes menor do que a americana.
DdAB

Igor disse...

Vou te dar uma dica.Você interpretou a tabela de forma totalmente errada...

Tente outra vez.

Leo Monasterio disse...

Igor, me ajude, por favor. Fui eu quem gerou a tabela a partir dos microdados da pnad.

Chutando a Lata disse...

É claro, os dados merecem uma análise detalhada. De qualquer sorte, não vejo como um país , com práticas recorrentes de juros altos , não leve a economia para, no mínimo, duas distorçoes óbvias: encolhimento da massa salarial e do processo produtivo. Existem outros elementos no modelo econômico vigente que colaboram para isso - essencialmente a prática ubiqua de política econômica de tirar a economia de um ambiente competitivo. O engraçado é que a classe média fora do setor público talvez esteja, fruto dessas distorçoes, convergindo para um salário mixuruca

Anônimo disse...

Colocando mais ingredientes na sopa. Uma sugestão é somar na renda familiar os benefícios usufruídos pelo uso de bens públicos (educação, saúde, segurança e previdência) e descontar os tributos pagos.
E aí vamos notar que aqueles considerados ricos não são tão ricos assim porque, além de pagarem enorme carga tributária e não usufruirem dos bens públicos, pagam saúde, educação, segurança e previdência privadas.
Contudo, a conclusão do Leo não deve mudar: o Brasil é um país pobre e desigual.
Liderau

Leo Monasterio disse...

Olá Liderau,

Bom te ver por aqui!
Eh... mas os pobres tb pagam impostos e ajustando pela qualidade, os servicos publicos tb sao uma josta: custam muito e valem pouco para o consumidor... dureza...

Chutando a Lata disse...

Essa sua estatística é muito chocante. Se pudesse publicá-la em detalhe, mostrando de onde vieram os dados, suas deficiências e limitações,seria muito interessante.

Leo Monasterio disse...

Caro Chutando,

A fonte sao os microdados da pnad, usando as ponderacoes. Eu estou longe de ser especialista nessa pesquisa, mas pelo que ouco falar tem varios problemas: soh tem a renda monetaria (o mesmo nao acontece com a pof), existe um monte (acho que uns 2% de caras que declaram renda zero) e os muito ricos mentem para baixo. Mas lembre que isso e a subestimacao da renda dos pobres nao devem alterar os percentis (exceto em valores muito extremos).

Chutando a Lata disse...

Caro Leo, o assunto é muito sério e o trabalho relevante. Eu, até agora, estou pasmo com os dados e assim me sinto profundamente grato pela sua iniciativa. A realidade é dura, mas é preciso sabê-la em sua dimensão verdadeira para que possamos encontrar saídas. Vejo que o modelo que tenho em mente é coerente com os seus dados e sinceramente isso não me traz nenhuma alegria.De qualquer forma, valeu pela atençao ao assunto.

Chutando a Lata disse...

Hoffman tem uma mesma tabela que a sua; só que para 1997. Se dividirmos os numeros pelo salario minimo da epoca, teremos valores proximos entre as mesmas tabelas. As diferenças, sutis mas podem sugerir que os pobres sobem e a classe média desce.

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