A verdadeira doença hollandesa
As questões de finanças públicas da entrevista do Secretário de Política Econômica à Juliana Rosa já foram criticadas pelo Mansueto com a excelência habitual. Eu acrescento dois pontos questionáveis da visão hollandesa.
1- IPI, o abusado:
Ele disse (15:20):
"Quando algum setor acumula estoques é importante que o governo fique atento a isso. A fase seguinte é a redução da produção, férias, parada técnica, férias coletivas e depois demissão. É preciso estimular a desova desses estoques em setores importantes da economia... Esses tributos são usados para controle de atividade econômica de curto-prazo. Flutuações um, dois, três meses é feito algum tipo de alteração no tributo."
O IPI é regulatório, mas não deve ser o instrumento para controlar estoques de setores no curto-prazo.
Eu nem vou entrar na discussão dos efeitos das isenções sobre as finanças estaduais e municipais. O que me assombra é, primeiro, almejar esse micro-controle da economia (imagine as oportunidades de rent-seeking que isso abre!). Em segundo lugar, essa prática, mesmo se possível, congelaria a estrutura setorial da economia. Sem mudança estrutural, não há desenvolvimento econômico.
2- Câmbio, o incompreendido:
Em certo momento (29:40), o secretário afirma:
"Um câmbio mais competitivo é sempre bom para o médio e longo prazo."
Mas em outro momento (8:15), ele disse em tom celebratório:
"Hoje a família brasileira consome (...) internet, celular, smartphones, IPh.. tablets e diversos."
As pessoas tiveram acesso a esses bens importados devido ao câmbio valorizado (e a despeito das tarifas de importação). Não dá para ver que a segunda frase é a evidência empírica que nega a primeira?
Um comentário:
O comentário do Holland sobre o IPI é assustador. Eu acho difícil de acreditar que um pais que consiga oferecer esgoto e água encanada para mais da metade da população de sua capital possa ter uma política econômica tão amadora.
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