Vida em outros planetas e a política industrial
Eu me lembro da equação de Drake quando penso nas chances da política de picking winners dar certo no Brasil. Tal equação fornece o número de civilizações de ETs que podem entrar em contato com a gente. (O Carl Sagan a apresenta aqui.). A lógica é começar com o número de estrelas do Universo e então multiplicar pela fração que tem planetas, em seguida pela parcela das que tem planetas em que a vida pode surgir e assim por diante. O resultado depende de uns bons chutes, mas é um número muito pequeno.
Eu reconheço que existe a possibilidade teórica da política industrial de picking winners dar certo. Contudo, temos que multiplicar o número de empresas que - em tese - poderiam gerar benefícios para o país pelos seguintes termos:
A possível compra da Delta pela JBS só me deixa ainda mais cético. Pelo visto, a equação de Drake Industrial deve resultar em um valor bem perto de zero.
Eu reconheço que existe a possibilidade teórica da política industrial de picking winners dar certo. Contudo, temos que multiplicar o número de empresas que - em tese - poderiam gerar benefícios para o país pelos seguintes termos:
- Probabilidade de o setor público ter identificado corretamente o potencial vencedor;
- Probabilidade de a empresa ser -de fato- a escolhida. (Muita coisa estranha pode acontecer entre o passo 1 e 2);
- Probabilidade de os incentivos serem bem desenhados;
- Probabilidade de os incentivos serem bem implementados;
- Tudo mais tando certo, há que se considerar a probabilidade de nenhum lobby alterar os passos 1-4 durante a execução da política industrial.
A possível compra da Delta pela JBS só me deixa ainda mais cético. Pelo visto, a equação de Drake Industrial deve resultar em um valor bem perto de zero.
5 comentários:
Perfeito. Aliás, não só política industrial, mas qualquer política devia ter esse cálculo de "risco operacional" feito.
Inclusive a minha posição política é mais pro libertário não porque ache que "o mercado resolve os problemas". Acho que políticas podem melhorar muitas vezes a situação; só sou descrente que elas vão ser bem feitas, pelos motivos que você colocou aqui.
Bom, seria compra da Delta, ou limpeza de mercado?
Há um filme com Samuel Jackson chamado, se não falha a memória "The Cleaner".
No caso seu personagem é especializado na limpeza de locais onde ocorreram crimes.
Gente! Quase ia perdendo estas maravilhosas ponderações. Os espíritas creem na "pluralidade dos mundos habitados"; não sei se é por isto que -tendo lido os cálculos de Dawkins- acho que, seja como for, é provável que haja outras manifestações do que chamamos "inteligência". Da mesma forma, acho que pode haver conjunção de forças que permita a escolha dos vencedores de mais méritos (com probabilidade baixíssima). No entanto, isto é, no entanto elevado à potência bilhões, meu ponto hoje em dia é que o lobby dos industriais é muito mais forte do que o dos diretores de escola, administradores de hospitais, presídios, e outros 'bens' de mérito produzidos pelos serviços.
DdAB
Coreano hoje em seminário sobre política industrial, ocorrido no BNDES:
And if, instead of winners, we pick loosers? And if we got stucked with the loosers we picked?
Leonardo,
Extrapolando seu argumento (como faz o Rodrik), podemos aplicar uma equação parecida à gestão de educação e de saúde. E ninguém está questionando a imprescibilidade destas.
O fato de que se trata de várias sequências de escolhas que podem ser otimizados através da cópia e do aprendizado ajuda bastante a reduzir o denominador.
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