Trem-bala? Não, obrigado.

Marcos Mendes e Alexandre Guimarães nos alertam: ainda dá tempo de cancelar o projeto do Trem-bala RJ-SP e economizar o equivalente a 50 Maracanãs.
"O projeto [do trem-bala] não é prioritário porque será um meio de transporte de luxo, com passagens caras, destinado a transportar pessoas de renda alta entre Rio e São Paulo. O nó urbano em que vivemos evidentemente indica que o prioritário é fazer São Paulo, Rio e demais cidades saírem do engarrafamento permanente que existe dentro de cada cidade, em vez de investir em transporte rápido, acessível a poucos, entre as cidades."


Cide municipal é uma má ideia


  • Um tributo local deve ter uma base tributária imóvel.  Se não tiver, é fácil para o contribuinte escapar. É por essa razão que o IPTU é um imposto local e o Imposto de Renda, não. Carros - surpresa! - são móveis. Uma Cide municipal faria com que os municípios das periferias metropolitana oferecessem isenções. No final das contas, a nova contribuição geraria ineficiência e baixa arrecadação;
  • Além disso, andar de carro não é o problema da mobilidade de mobilidade urbana. O problema é andar de carro em zonas congestionadas. A Cide incidiria igualmente sobre quem usa o carro na Av. Paulista às 18:30 e sobre quem dirige de madrugada em uma rua deserta. (Ter carro também não é problema. Inglaterra e Japão têm o dobro no número de veículos per capita do que o Brasil);
  • Pedágio urbano, por favor.

A quem interessar possa,

aí vai minha posição ideológica: libertário (levemente) esquerdista.

Economic Left/Right: -1.62
Social Libertarian/Authoritarian: -5.38
Isso significa aproximadamente nada. Teste aqui. (via Drunkeynesian)

O verbete "Apresentações em Congressos e Seminários" do "Manual de sobrevivência na universidade"

Aí vai mais um dos 58 verbetes do livro (Amazon.com.br e Amazon.com):
Apresentações em congressos e seminários 
      Conheça o seu público. Cada grupo tem a sua cultura. Na Administração de Empresas, o objetivo é entreter o público. Já se você for um filósofo, sua meta é entediar o público, fazendo com que uns dois ou três membros da plateia pensem seriamente em suicídio. Sério, uma das funções das apresentações é mostrar que você entendeu as regras do grupo acadêmico e está pronto para ser aceito. Sugiro que você assista um bom número de apresentações dos membros mais experientes da tribo antes de ser o protagonista.
      Ensaie, ensaie, ensaie. Até escola de samba ensaia, por que você não iria ensaiar? É ensaio mesmo, não vale ensaiar na sua cabeça. Tente reproduzir as condições reais da apresentação. Nas primeiras vezes, você vai "sair do papel" para consertar uma coisa ou outra da apresentação. Tudo bem. O importante é fazer ao menos dois ensaios integrais, sem interrupção. E sempre com o relógio. Se tiver plateia simulada, melhor. A sua família e os entes amados existem para isso.
      Imprima uma versão para ser lida no tempo que lhe foi atribuído. Caso tudo dê errado e você surtar, resta sempre a alternativa de sentar e ler. Parecerá que você é um filósofo.
      Para distribuir, imprima um número de cópias bem menor do que o esperado na plateia. Umas oito cópias são suficientes.
      Chegue bem antes e teste a apresentação em PowerPoint. O melhor é você gravar o arquivo no desktop e dar uma passada rápida nos slides. Quando o público chegar, parecerá que você é o anfitrião, e eles vieram só para lhe ver.
      Não seja engraçadinho de início. Nada pior do que uma piada ou historinha que não funciona.
      Seu objetivo máximo é persuadir a plateia de que o seu trabalho é supimpa. Primeiro, você tem de convencê-la que ele trata de algo relevante ("ora, pois nunca pensei que o preço da goiabada em Vassouras, durante o século XVIII, fosse tão interessante", dirão alguns). Depois, você tem de mostrar que o que você tem a dizer é importante ("quer dizer que a goiabada caiu de preço! Quando eu poderia imaginar isso!"). Não os entedie com detalhes irrelevantes (mantenha apenas os detalhes irrelevantes pitorescos). A pergunta que você tem de se fazer é: "O que tenho de interessante para dizer" (não apareceu nada? ... reformulando: "O que tenho de menos desinteressante para dizer?")?
      Enfatize o que você tem de novo e não se preocupe com os detalhes dos métodos. Quem os conhece não precisa que você explique, e quem não conhece não aprenderá na sua apresentação.
      Não é fraqueza assumir os seus erros e possíveis omissões. Mas, tal como na sua vida pessoal, isso deve ser mais um sinal de autoconhecimento do que autodepreciação real.
      É legal mostrar que você teve um trabalhão, mas isso deve ser feito da forma breve e discreta. É melhor dizer: "após rodar dois milhões de regressões..." do que mostrar dez tabelas com os resultados das dez regressões.
      Não responda uma a uma às perguntas do debatedor. Deixe que ele faça todas e vá tomando nota. Quando ele terminar, agradeça e responda só o que você quiser/souber. Ninguém vai perceber. Se não der certo, você tem dois estratagemas: a) "ótima pergunta/sugestão, incorporaremos esse debate em uma versão posterior"; b) "Essa é uma ótima pergunta, mas exige uma resposta longa. Poderíamos discutir na hora do cafezinho" (fuja sem olhar para trás).
      Muitas vezes, tem um velho louco aposentado, um militante ou um desocupado na plateia. Ele fará um longo discurso e umas perguntas sem pé nem cabeça. Segure o riso, agradeça e desconverse.
      Roupas: respeite a linha geral da sua tribo e da ocasião. O meu conselho é tão verdadeiro quanto inútil: "esteja um pouco mais formal do que a plateia". Se todo mundo está de camiseta e jeans, vá de camisa social e jeans. Se todo mundo está de camisa social e jeans, vá de calça social. Se todo mundo está de paletó sem gravata, vá com gravata. Se todo mundo está com paletó escuro e gravata, você se enganou e está em um enterro. O problema óbvio desse conselho é saber como os outros estarão vestidos. Na dúvida, pergunte ao seu orientador ou a alguém mais experiente. Eles não vão rir de você.
      Fique tranquilo. A plateia é ignorante (ao menos do assunto do seu paper) e nem tão interessada assim. Você conhece as limitações do seu estudo melhor do que ninguém (mesmo que ambas as afirmações sejam falsas, é melhor se autoenganar). Na verdade, eles estão ali porque o ar-condicionado está bom, o coffee break está ruim, ou porque estão esperando outro trabalho.
Já leu todo o livro? Não esqueça de avaliar lá na Amazon. Não leu? Então tá. Eu gosto de você mesmo assim. 

Verdades desagradáveis sobre o transporte público

  1. Reduzir a tarifa só mediante a desoneração do transporte público é meia-sola. Se você não cobra de uns, o resto da população paga. Parece indolor, mas não é. Com a reclamação de municípios e estados, a conta - como sempre - acabará no governo federal (ou seja, todos). Os políticos apostam na ilusão fiscal para que a medida seja aplaudida. Como ninguém sabe direito o quanto paga, fica mais fácil engolir; 
  2. Se ficar só na desoneração, o trânsito e o transporte público continuarão tão ruins quanto eram. Para mudar mesmo é necessário desagradar: a) os donos de empresas; b) os motoristas de carros e motos;
  3. O transporte individual nas metrópoles deve ser taxado. O professor de Introdução à Economia nos ensinou: cada veículo na rua impõe um custo aos demais. Essa fração de segundo a mais de congestionamento atinge cada um dos outros na via e isso não é contabilizado pelo motorista. Com um pedágio urbano isso pode ser corrigido. (O uso de tarifas para combater congestionamento de estradas já estava no debate entre Pigou e Knight lá na década de 1920!);
  4. Não basta melhorar o transporte público, tem que encarecer o privado. (Eu, hipócrita,  tenho um bom ônibus e metrô disponíveis, mas costumo vir para o trabalho de carro.)
  5. A ideia de passe livre é ruim devido aos pontos 1 e 2;
  6. A ideia dos libertários de desestatizar o transporte público é ruim pelo ponto 3;
  7. Hoje tem manifestação do MPL em Brasília. Que tal pedirem, para começar, o fim do estacionamento gratuito na cidade? Ou algo mais modesto: multas para o estacionamento irregular?
  8. Quer consertar o trânsito de sua cidade? Nomeie o meu amigo Carlos Henrique como czar dos transportes. (Ele não vai aceitar, mas  sabe tudo sobre o assunto e já esteve de todos os lados da mesa. Dizem que já foi até maquinista, mas isso eu acho que é lenda).

Breaking news! O Carlos Henrique será entrevistado hoje na Globonews pela Mônica Waldwogel!

"Is Regional Policy a Waste of Time?"

Ótimo programa de rádio da BBC, com direito a entrevistas com  Ed Glaeser e Nick Crafts.  Várias semelhanças com o caso brasileiro e também divergências. (Curioso como na Inglaterra alguns indicadores sociais são melhores fora do centro econômico).

Por que agora?

Em Austerity and Anarchy: Budget Cuts and Social Unrest in Europe (1919-2009) Ponticelli e Voth mostram que medidas de austeridade causaram manifestações. Já no Brasil, o desemprego está em baixa, os salários reais em alta, a seleção está ganhando e o governo não sinalizou qualquer redução de gasto. Por que tantas manifestações agora? O @NPTO sugeriu que os manifestantes poderiam estar antecipando a austeridade futura. Sei não, isso continua um enigma para mim.
Eu só consigo antecipar duas coisas: 1) agora é que o governo não vai mesmo adotar medidas recessivas; 2) os aumentos de preços das passagens voltarão a ser em janeiro, quando todos estão de férias. Ouvir os pedidos do Mantega acabou gerando consequências indesejadas.
PS. Ai... ai... Passe Livre é uma má ideia, mas conseguiram arrumar uma ainda pior: "A Desestatização do Transporte Coletivo".

Pedágio urbano - um argumento de escolha pública

Os argumentos econômicos a favor de pedágio urbano são conhecidos: é o jeito de fazer com que o motorista pague a externalidade negativa de ocupar uma via congestionada. Fazendo o motorista sentir no bolso todos os custos da sua ação, ele não sobre-utilizaria o recurso. Acertar direitinho o preço eficiente seria só uma questão tecnológica e de elasticidades. (Segundo um estudo que parece bacana, um pedágio de R$5 reduziria em 28% o uso de carros em SP. Não encontrei o trabalho completo na Internet.)
Eu chuto que há um efeito adicional desejável do pedágio urbano. Se ele fizer com que mais eleitores passem a andar de transporte público, o setor será mais bem administrado. É do Hirschman a frase: "Políticas apenas para pobres são pobres", né?
Se a classe média também estiver na parada (ouch...), tudo melhora.

Zizek na Google


Em 07:50, o meu malucão de estimação faz a reflexão sobre os banheiros e ideologia. 

Mini-curso Prof. Bértola na USP

O ótimo - e super gente boa - Prof. Luis Bértola - dará um mini-curso Desigualdade e Desenvolvimento na América Latina na USP/SP no dia 19 e 20 de junho.

Complexidade usada para o mal (ou para o bem? Sei lá)

Vídeo (Obrigado, Urban Demographics)
Usar  tweets, SMS e ligações de celular para prever a localização de manifestações pode gerar desde a reação "Uau! a tecnologia nos salvará!" até  "Mais uma conquista do establishment tecno-militar contra o cidadão!".
Na semana do escândalo do PRISM e dos conflitos de SP é difícil não pender levemente para a última.
A homepage da Dra. Fry está aqui.

A estranha inversão nos programas de transferência de renda

Houve um tempo em que dar dinheiro diretamente para os pobres era coisa da direita, Milton Friedman, Banco Mundial e gente de que cheirava a enxofre. O discurso da esquerda era que os pobres queriam mesmo era revolução, reformas de base e mudar-tudo-que-está-aí. A estrutura produtiva (ou fundiária) era a fonte de todos os males e qualquer tentativa de alívio era uma farsa.
Bem, aí vem o bolsa família e todo mundo muda de lado. A esquerda diz que amava programas de transferência de renda desde criancinha e a direita  passa a odiá-los. São agora mais um passo no caminho da servidão e mero populismo.*
Tem um conto do Pirandello** em que dois caras passam um dia discutindo e vão para sua casas pensando no assunto. No dia seguinte, voltam à mesma discussão, mas com as posições invertidas.

* Sim... eu fiz um monte de generalizações e existem exceções de ambos os lados.
** Se o conto não for do Pirandello, deveria ter sido.
*** Nos comentários, eu reproduzo a opinião do Mercadante sobre renda mínima em 1996.

Prometeu Acorrentado

Hans Joachim-Voth, um craque da cliometria, se juntou com o grande Peter Temin e lançou Prometheus Shackled: Goldsmith Bangs and England Financial Revolution after 1700 (Amazon). O legal é que ele colocou no ar uma versão gratuita do livro.

Dia dos namorados dos economistas

Envie um desses gráficos para o seu(sua) economista amado(a).

Robert Fogel (1926-2013)

Os estudos dele sobre Economia da Escravidão são magistrais, os sobre o impacto da ferrovia no EUA criaram uma literatura, e o Escape from Hunger me apresentou à história antropométrica. (Não li o 4th Great Awakening, seu derradeiro livro (eu acho). Está na pilha)
No video abaixo ele fala da sua biografia e o papel da história econômica.
Para quem curte a metodologia da História, eu recomendo esse outro livro em que ele debate com o Geoffrey Elton, um gigante da História não-cliométrica.

Compara Brasil- dados sobre finanças públicas municipais

O site é muito bem feito mesmo. Os  números do Finbra têm que ser vistos com bastante cuidado, mas trata-se de uma bela iniciativa da Frente Nacional de Prefeitos. (via José Roberto Afonso).

XI Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos

Prazo de submissão prorrogado para a próxima segunda, para a felicidade de todos os deixadorespraúltimahora.

"O discreto perfil acadêmico dos economistas" Prof. Meneghini

Síntese na Folha. Texto completo (em inglês).
"O prestígio internacional de economistas junto à comunidade leiga é significativamente superior ao dos cientistas e acadêmicos de outras áreas do conhecimento. Os economistas brasileiros não são uma exceção. Um ponto que chama a atenção é que os economistas de maior prestígio internacional, aqueles que aparecem frequentemente na mídia leiga, são também altamente reputados no ambiente acadêmico. O prestígio junto aos leigos pode ser medido pela presença na mídia e por consultas à opinião pública, enquanto que o prestígio acadêmico pode ser avaliado através de bases de dados de indicadores de publicações e citações de artigos acadêmicos. Um destes indicadores que se tornou frequentemente utilizado é o índice-h, que mede simultaneamente publicações e citações. Um achado relevante foi que, para economistas internacionais, tanto o prestígio entre os leigos como o entre os acadêmicos são elevados e, aparentemente, mutuamente dependentes. Entre os economistas nacionais o prestígio entre os leigos não é acompanhado pelo prestígio acadêmico. Este é significativamente baixo, a despeito de que seus currículos frequentemente denotam títulos de doutor por universidades internacionais de excelência. Os dados apesentados indicam uma baixa intensidade de vida acadêmica nas universidades brasileiras."
O professor Meneghini (lattes impressionante!)  levanta questões relevantes, mas o trabalho deve ser visto como uma primeira abordagem, um conjunto de hipóteses, com evidência empírica meio capenga. Tem coisa estranha, como listar os ministros que não tiveram formação em Economia (Ele inclui o MH Simonsen na lista ?!?! E ele não conta também que a pós-graduação de qualidade em Economia é recente no Brasil.)
Meu pitaco irresponsável: os ganhos para as estrelas são bem maiores fora da academia no Brasil do que dentro (mesmo quando comparado com outros países). Como não há grande diferença salarial aqui, uma penca de estrelas foi para o setor privado e não participa diretamente da academia. (Sim, existem as exceções). Enquanto isso, Harvard paga um caminhão de dinheiro para os "Mankiws" lá permanecerem e continuarem produzindo.

A ameaça da criação de novos municípios

Valor Econômico: Criação de municípios traz prejuízo econômico, diz pesquisador do Ipea.

Atualização "Manual de Sobrevivência na Universidade"

Agora o livro está em 1o. lugar em Ciência e Tecnologia, 2o. em Educação e 19 lugar geral nas vendas da Amazon.com.br.  Obrigado a todos que compraram!
Alguns pontos:
Novamente, muito obrigado!

Toxoplasmose, cultura e crescimento

O artigo ganha o prêmio de variável instrumental mais estranha da paróquia: a prevalência de toxoplasmose.
MASELAND, R. Parasitical cultures? The cultural origins of institutions and development. Journal of Economic Growth, v. 18, n. 2, p. 109–136, 1 jun. 2013.
Um trecho:
"Effects of latent infection differ between men and women. For men, it reduces intelligence, novelty-seeking, and rule-conscious, dutiful, conscientious, and moralistic behavior. Women, by contrast, tend to become more intelligent and conscientious, as well as more outgoing and affectionate. For both men and women, infection may result in increased insecurity, guilt, worrying, and self-doubting (Flegr et al 2000). On the societal level, these effects imply that high prevalence is associated with more differentiated gender roles, increased neuroticism, and more uncertainty avoidance (Lafferty 2006)."
Eu coloco o estudo na pilha: gosto, mas não acredito. Uma versão aberta, anterior, está aqui.
(Agradeço ao Shikida e ao Pedro Sant'Anna pelo envio do artigo).

O verbete "Powerpoint" do "Manual de sobrevivência na universidade"

Aí vai uma amostra do livro. As três últimas dicas são as menos conhecidas.

PowerPoint  

      Não use todos os recursos dos PowerPoint. Eles foram criados apenas para que os embromadores ocultassem com palhaçadas o vazio do que têm a dizer. Nunca use som ou os efeitos de animação divertidos.
      O PowerPoint induz que a sua apresentação seja feita em itens e subitens. Ou seja, você tem o item 2, por exemplo, "Fonte dos Dados", e, dentro dele, o item 2.1 – "A Aplicação do Questionário". Não vá além de dois níveis. Se você começar a ter, na sua apresentação, coisas como item 2.8.3.2, tenha certeza que o seu público olhará incessantemente para o relógio. O ideal mesmo seria fugir da estrutura de itens e contar uma história. Uma estrutura linear de apresentação prende mais a atenção e é mais facilmente lembrada. Mas uma estrutura em itens também não é fim do mundo. O importante é ter uma estrutura.
      Você, que não é um gênio do design, deve copiar as mulheres espertas e optar pelo pretinho básico das apresentações. Use um fundo simples, monocromático ou quase e fontes de uma ou no máximo duas cores de letras. Sempre com muito contraste. Na tela do seu computador, pode ficar bonito, mas as cores do projetor e a iluminação ambiente podem transformar a sua apresentação em um involuntário e indesejável teste de daltonismo.
      Se você quiser mesmo usar estilos mais coloridos, rogo que não use os tão batidos que acompanham o PowerPoint. Como poucos são minimamente aceitáveis, as pessoas acabam escolhendo os mesmos.
      Use a Regra 10-20-30 de Guy Kawasaki. Isto é, dez slides para serem apresentados em 20 minutos e com fonte de tamanho 30. Esse tamanho não é apenas para facilitar a vida dos míopes. Serve também para lhe forçar a sintetizar a sua mensagem. Achou o tamanho 30 muito rígido? Então, siga o algoritmo do mesmo Kawasaki. Divida por dois a idade do mais velho membro da plateia. Use a fonte desse tamanho. Use a fonte Arial ou qualquer outra sem serifa (ou seja, sem enfeites nas pontas das letras) e não tente entulhar informação.
      Pelamordedeus - não leia os slides para a plateia. Ela é alfabetizada e vai se entediar até a morte se você ficar lendo em voz alta.
      Nunca coloque aquelas tabelas entulhadas com resultados estatísticos ou testes adicionais (se quiser, coloque alguns slides extras ao fim da sua apresentação com as informações de suporte àquelas perguntas que sempre surgem. Assim, quando perguntarem: "você testou se as variáveis cointegram?" Você – Bam! – mostra o slide dos resultados dos testes).
      Se você está tendo problemas em fazer com que tudo caiba em um slide só, desista. Isso é um sinal de que você deve dividir a informação em dois slides ou que há informação que pode ser omitida.
      Cuidado com a ortografia. Será fatal para sua reputação a troca de um "s" por "z" em fonte 30, projetada numa parede. Mande a apresentação para outras pessoas verificarem.
      Tenha backups em vários formatos de arquivos e de suportes (pen drive, CD-ROM e tábuas de argila). Datashows explodem, pen drives queimam e você não pode ficar de mãos abanando. Se você for muito cauteloso, imprima umas cópias com uns seis slides por página para distribuir.
      O PowerPoint tem seus bugs: não só há incompatibilidade entre versões, como também entre apresentações gravadas em máquinas com versões do software em línguas distintas. Especialmente fórmulas e gráficos viajam mal entre versões. Como solução, sugiro que você grave a apresentação também em PDF. O Impress (do pacote do Open Office) também tem problemas de compatibilidade com o PowerPoint, mesmo quando você exporta para este formato de arquivo.
      Lembre-se: F5 para o modo de apresentação. Eu fico muito angustiado quando o apresentador briga com o mouse até encontrar a opção no menu ou o ícone no canto inferior direito.
      Se em algum momento você não tem nada na tela para mostrar, chame a atenção para você próprio. Como? Com um slide em branco. Automaticamente, as pessoas acordarão do transe que talvez estejam e ouvirão o que você tem a dizer. Caso você não tenha lembrado de inserir esse slide, basta teclar W (tem de ser o w maiúsculo) para que o slide branco apareça. Se você teclar B – de Black – a tela fica escura. Isso é útil quando você quer desligar temporariamente a luz no projetor.
      Quer dar uma de profissional? Salve o arquivo "Apresentação de Slides do PowerPoint" (PPSX) e não como "Apresentação do PowerPoint" (PPTX). Com isso, quando você abre o arquivo, o PowerPoint entra já no modo de apresentação em tela cheia.
      Eu não sou fã de pointers laser. Afinal, se o slide estiver bem feito, o ponto importante já deve estar claro. De qualquer forma, se você precisar apontar algo, basta apertar CTRL e o botão esquerdo do mouse. Uma bolinha vermelha virtual aparecerá na apresentação. Só funciona para quem tem PowerPoint para Windows a partir da versão 2010. Os demais devem passar no camelô e comprar a canetinha laser.

"Bones, Bombs, and Break Points: The Geography of Economic Activity." Davis e Weinstein

Sério, cada vez que eu leio, mais eu gosto desse clássico e ambicioso artigo. A idéia, o título e até a historinha do bombardeio ao Japão são ótimas:
 Davis, Donald R., and David E. Weinstein. "Bones, Bombs, and Break Points: The Geography of Economic Activity." The American Economic Review 92.5 (2002): 1269-1289.
We consider the distribution of economic activity within a country in light of three leading theories—increasing returns, random growth, and locational fundamentals.To do so, we examine the distribution of regional population in Japan from the Stone Age to the modern era. We also consider the Allied bombing of Japanese cities in WWII as a shock to relative city sizes. Our results support a hybrid theory in which locational fundamentals establish the spatial pattern of relative regional densities, but increasing returns help to determine the degree of spatial differentiation. Long-run city size is robust even to large temporary shocks.

Falando em bombardeio. Apresento-lhes o Sr. Tsutomu Yamaguchi, o sujeito mais sortudo-azarado do mundo. Ele sobreviveu às bombas de Hiroshima E Nagasaki. Morreu em 2010, aos 93 anos.

State Capacity and Bureaucratic Autonomy Within National States: Mapping the Archipelago of Excellence in Brazil

O estado corresponde a uns trinta e tantos % da economia brasileira e é, relativamente, pouco estudado. Aí vai um belo trabalho que começa a abrir essa caixa preta. (Dica do consultor do Senado Alexandre Rocha)
Os autores cruzaram os dados dos servidores com os de filiação partidária. Muito bacana.

Manual de sobrevivência na universidade: da graduação ao pós-doutorado

Desde que comecei a dar aulas, tomei notas com dicas sinceras sobre a vida acadêmica para repassar aos orientandos. Por compulsão datilográfica, continuei escrevendo só para mim mesmo. Porém, motivado pela minha mulher, revi, aprofundei, expandi, organizei e atualizei as notas até que elas se transformassem em um livro.
O Manual de Sobrevivência na Universidade é um guia para graduandos, pós-graduandos e novos professores. Ele tem o equivalente a 120 páginas, 58 verbetes, e está por apenas R$8,99 na Amazon.br em formato Kindle. (Clique aqui se a sua conta é na Amazon.com).
Se gostarem, divulguem para alunos, colegas, amigos e inimigos.


Atualização: tenho recebido mensagem de pessoas que não tem o e-reader Kindle. Mas basta baixar o Kindle para Windows, Mac, Android , Iphone, Ipad... A Amazon tem toneladas de livros gratuitos e vale muito a pena instalar.

ATUALIZAÇÃO EM 15 DE AGOSTO: Tive que tirar o livro da Amazon. É por uma muito boa razão. Aguardem que eu conto a novidade em breve.
ATUALIZAÇÃO EM 17 DE JANEIRO DE 2017: Uma nova edição, mais longa e atualizada, será publicada - em papel!- em meados deste ano. 

Um doce para quem acertar quem escreveu

"O custo Brasil sempre foi um problema para a economia brasileira, mas tornou-se uma questão de sobrevivência, desde que o país ficou exposto à pressão da competição internacional. Nesse novo contexto de uma economia mais globalizada, passaram a pesar consideravelmente na planilha de custos do empresariado, as despesas de infra-estrutura, a carga fiscal e as dificuldades que se interpõe no caminho da produção brasileira."
A resposta está nos comentários.

Viridescence, Stock World por Yang Yongliang

Mais aqui.

"The productivity advantages of large cities: Distinguishing agglomeration from firm selection."

Combes, Pierre‐Philippe, et al. "The productivity advantages of large cities: Distinguishing agglomeration from firm selection." Econometrica 80.6 (2012): 2543-2594.
Firms are more productive, on average, in larger cities. Two main explanations have been offered: firm selection (larger cities toughen competition, allowing only the most productive to survive) and agglomeration economies (larger cities promote interactions that increase productivity), possibly reinforced by localized natural advantage. To distinguish between them, we nest a generalized version of a tractable firm selection model and a standard model of agglomeration. Stronger selection in larger cities lefttruncates the productivity distribution, whereas stronger agglomeration right-shifts and dilates the distribution. Using this prediction, French establishment-level data, and a new quantile approach, we show that firm selection cannot explain spatial productivity differences. This result holds across sectors, city size thresholds, establishment samples,and area definitions.
É o paper empírico mais barra pesada Nova Geografia Econômica que eu já vi. Impressionante.
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