Nietzsche, máquinas de escrever e o R: tudo em um só texto

Duas razões para ter conta no Twitter

- Ler os tweets do Branko Milanovic sobre desigualdade mundo afora. Para quem não liga o nome à pessoa, ele é o co-autor do sensacional "Pre-Industrial Inequality";
- E para se divertir no feriado de Natal: Modern Day Seinfeld.

Boas festas!

O primeiro gráfico de linhas da história

Hirschman

Sua morte e a polêmica sobre o desarmamento após a tragédia de Newtown me lembraram de "A Retórica da Intransigência". Basta uma leitura rápida dos comentários para encontrar as três narrativas conservadoras ("perversidade", "futilidade" e "ameaça") e uma das progressistas ("o perigo iminente").
Recomendo fortemente o livro. Está- fácil -  entre os meus 50 25 livros prediletos.



Nate SIlver usa Stata...

mas quer migrar para o R, segundo ele revela nessa conversa com o Hal Varian (19m 30s).

Impunidade no Brasil no século XIX

Veja aqui (p.80-82 da numeração do livro, p.84-86 do arquivo pdf ) o relato do naturalista Tschudi que visitou o Brasil em meados do século XIX. Triste.
Parabéns para a Fundação Seade, por ter colocado essa e outras ótimas publicações históricas na sua biblioteca digital

A compra de um canhão é Formação Bruta de Capital Fixo?

N ão era em 1993, mas passou a contar como FBCF no manual de contas nacionais da ONU de 2008 (e o IBGE passou a seguir a orientação). Já  bombas e torpedos são consumo intermediário.
Expenditures on military equipment, including large military weapons systems, are treated as fixed capital formation. Expenditure on durable military goods such as bombs, torpedoes and spare parts are recorded as inventories until used when they are recorded as intermediate consumption and a withdrawal from inventories. 
 (Agradeço ao colega Ernesto Galindo por chamar atenção para a mudança na classificação do IBGE).

Lee J. Alston, M. Melo, B. Mueller, C. Pereira: "Changing Social Contracts: Beliefs and Dissipative Inclusion in Brazil"

Eu conhecia uma versão anterior do artigo e agora saiu como paper do NBER. Vale muito a pena ler:
Social contracts about inequality and redistribution are country-specific. We rely on a model of inequality and redistribution where multiple steady states can emerge in given country. We link the model to the recent literature on beliefs and argue that beliefs are a major determinant of which equilibrium results. We show that changes in beliefs may shift the equilibrium in a country over time. We present evidence that beliefs are typically very stable over time, yet argue that Brazil has recently undergone a dramatic shift in beliefs which we show is associated with a change in the country's social contract in the past thirty years. The transition from one social contract to another has taken place through a process which we call 'dissipative inclusion', where redistribution and social inclusion are effectively achieved but accompanied by distortions, inefficiencies and rent dissipation.
(Eu continuo devendo a leitura do outro texto recente de Alston, Mueller e Harris no último Journal of Economic History.)

Prêmio CNI de Economia

Muitos trabalhos bacanas. Ótimo ver o  pessoal gente boa da  Economia Regional da UFJF e do Cedeplar entre os premiados.
Parabéns também para os colegas da DISET/Ipea (+Donald, da UNB) que levaram também um prêmio. Informação irrelevante, mas interessante: o Bruno Araújo no tempo livre pode ser visto tocando na banda Móveis Coloniais de Acaju (vestindo a camisa do Clash).

Eventos




Pereira, Nadalin , Monasterio e Albuquerque "Urban centrality: a simple index"

Comunicado à praça: já está disponível on-line:

Pereira, R. H. M., Nadalin, V., Monasterio, L. and Albuquerque, P. H. M. (2012), Urban Centrality: A Simple Index. Geographical Analysis. doi: 10.1111/gean.12002
 This study introduces a new measure of urban centrality. The proposed urban centrality index (UCI) constitutes an extension to the spatial separation index. Urban structure should be more accurately analyzed when considering a centrality scale (varying from extreme monocentricity to extreme polycentricity) than when considering a binary variable (monocentric or polycentric). The proposed index controls for differences in size and shape of the geographic areas for which data are available, and can be calculated using different variables such as employment and population densities, or trip generation rates. The properties of the index are illustrated with simulated artificial data sets and are compared with other similar measures proposed in the existing literature. The index is then applied to the urban structure of four metropolitan areas: Pittsburgh and Los Angeles in the United States; São Paulo, Brazil; and Paris, France. The index is compared with other traditional spatial agglomeration measures, such as global and local Moran's I, and density gradient estimations.

Niemeyer & Kraftwerk

...combinam por alguma estranha razão.

Mais prêmios

- Bernardo Furtado - coordenador da área de Urbana do Ipea (e figura frequente aqui no blog )- acaba de ganhar o II lugar no prêmio da SOF sobre qualidade do gasto público. O trabalho ainda não está no ar, mas eu acho que é o semelhante a Fiscal income inequalities and efficiency que ele apresentará, na próxima semana, na Anpec.
- Falando em Anpec, devo destacar também os dois ganhadores do Haralambos. Ferraz e Finan levaram o de melhor artigo com o ótimo "Electoral Accountability and Corruption: Evidence from the Audits of Local Governments." Sugiro também o artigo anterior da mesma série de papers: Exposing Corrupt Politicians: The Effects of Brazil's Publicly Released Audits on Electoral Outcomes . Já a melhor tese foi para o Rudi Rocha, que contém um artigo que eu já comentei aqui. Ou seja, a cliometria ganhando prêmios!
Parabéns a todos!!!

Teorias contemporâneas de desenvolvimento econômico

Mansueto dá uma ótima panorâmica. Se os alunos do Chris Blattman lessem em português, matariam algumas questões do exame final.
A propósito, aí vai um ótimo post sobre as idéias bem críticas do grande Lant Pritchett em relação aos "randomistas" (ou seja, o pessoal de experimentos aleatórios controlados).

Programa de transferência de renda na Índia

Tomara mesmo que dê certo. Mas vai ser difícil acertar o foco. Afinal, 300 milhões de indianos não tem qualquer documento de identificação. Um brasil e meio de gente. Fico na torcida.
.

Tudo o que você queria saber sobre pedágio urbano

... o Renato Morato responde aqui. O trabalho ganhou a terceira colocação no prêmio da Secretaria de Acompanhamento Econômico e é muito informativo. (O Renato, por coincidência, foi meu (ótimo) aluno de Finanças Públicas na graduação da UCB neste semestre). Sugiro ver também os demais premiados.
A introdução do pedágio urbano está no topo da minha lista de mudanças-institucionais-favoritas-que-gerariam-ganhos-de-bem-estar-que-só-não-entram-em-vigor-porque-o-eleitor-não-entende-de-economia. Trata-se de uma lista beeeem longa.

Desafios Federativos: Mecanismos para Solução de Controvérsias

O seminário começa agora no IPEA-BSB e tem transmissão pela Internet. A sessão com Fernando Rezende, Rogério Boueri e Gilmar Mendes começa às 10:00. 

Kuznets e Friedman juntos

Friedman na casa dos vinte anos, Kuznets na dos trinta estudaram cinco ocupações liberais no EUA. O trabalho virou a tese do doutorado do Milton e foi lá que surgiu a ideia de renda permanente. Tem até um capítulo sobre o prêmio locacional

Cerveja e instituições ruins

A Economist me conta que a cerveja da Coréia do Norte é melhor do que a da Coréia do Sul. Como pode? A cerveja de Pyongyang tem até comercial!  Isso me pareceu muito estranho, mas me lembrei da Tsintao chinesa, a Paceña boliviana e que as cervejarias estão bombando na África sub-sahariana.
Ao que parece, a cerveja é um sucesso nos lugares com instituições ruins. Por que?
Hipótese que nunca vou testar: quando a água é contaminada, a cerveja faz bem para a saúde. Logo:
Instituições ruins → água ruim →  mercado para cerveja →  cervejarias locais se desenvolvem.
(Vinho, por outro lado, parece precisar de instituições melhores. Talvez o  longo processo de produção exija direitos de propriedade mais seguros.)

Responsabilidade fiscal

Desde a Magna Carta as coisas melhoraram. O mapa super bacana (via Alexandre Rocha) mostra como aumentou o número de países com leis de responsabilidade fiscal nas última décadas.
Claro que a "criatividade" dos nossos governantes é grande e, conforme mostra o Mansueto,  tudo ainda é bem opaco e esquisito. Mas, um dia, chegamos lá.
Atualizando: Oba! Boas novas vindas do TCU! (Via Alexandre Rocha).

Explica essa, Acemoglu!

O primeiro Dia de Ação de Graças foi comemorado um pouco antes da hora. Dos 35 colonos ingleses, 31 estavam mortos um ano depois.
Em termos mais gerais, 80% das sete mil colonos que chegaram à Virgínia entre 1607 e 1624 bateram as botas no primeiro ano de América.
Fonte: Mann, Charles. 1493: Uncovering the New World Columbus Created.

Feliz aniversário, BBC!

90 anos. Sua história é a prova de que a humanidade pode dar certo. Mesmo sem contar os momentos em que a BBC foi essencial para  o século XX, é impressionante ver uma empresa pública em que os políticos e  celebridades apanham e os assuntos mais esotéricos podem ser discutidos.



Diversos (só saudosistas)

Eu comprei um Casio F91W que me deixou assim. Então lá vai:

XVII Prêmio Tesouro Nacional - 2012

Parabéns aos ganhadores! Em especial aos colegas do IPEA: Fernando Gaiger, Bernando Schettini, Rodrigo Orair, Marcelo Medeiros e Pedro Herculano que levaram prêmios em várias categorias.
(Os trabalhos já estão disponíveis para download).

Atualização: o Manoel Carlos Pires (cedido ao MF) também é do Ipea. Foi o Bruno Cruz quem me avisou. Valeu.

Um grande filme sobre a crise de 2008 nos EUA

The Queen of Versailles conta a história da família que construía a maior casa dos EUA. Em 2007. Dá para imaginar o que acontece. É quase uma fábula. Vocês sabem como assistir o filme, ? PS. A propósito, que grande porcaria é Argo!

Finanças públicas brasileiras

Ainda os racistas brasileiros

O Thales, da novíssima geração de historiadores econômicos, dedica o capítulo 4 da sua dissertação às origens intelectuais do racismo brazuca.
Só li esse capítulo e gostei muito, mas dei uma olhada nos anexos com os dados de mortalidade do RJ no XIX e o teste econométrico do efeito Mills-Reincke. Parece super interessante.  

O perfil do PB na Piauí

Em versão aberta. Consegue ser até mais bacana do que post do Drunkeynesian sugere. 
 (Obrigado ao Bernardo Furtado pelo envio do link. E, a propósito, parabéns pela mais recente publicação! )

Qual é a nossa mancada?

OK, todo mundo gostou do post sobre o Caio Prado Jr. Gracias.
Agora, a pergunta é: o que as próximas gerações vão  reprovar do pensamento atual? Afinal, não é possível que estejamos certos em tudo e todas as barbaridades tenham ficado no passado.
Santo Dawkins  escreveu no God Delusion que a  mancada atual está em não respeitar os direitos dos animais. Eu, que só não como foie gras por restrição orçamentária, acho que discordo. (Admito que eu não comeria bife de chimpanzé, mesmo se fosse delicioso. Panda, talvez)
E então? Alguma sugestão?

Monteiro Lobato, racismo e o Caio Prado Jr.

Eu sinceramente não sei se crianças de hoje devem ler o Monteiro Lobato. Eu o achava chato para diabos e nunca li.
Basta ler qualquer coisa produzida no começo do século XX para esbarrar em eugenia e racismo. O Veblen, que tanta bola dentro deu, tem capítulos e mais capítulos estranhíssimos sobre as raças. No Brasil, os trechos do Gilberto Freyre enchendo a bola da Ku Klux Klan são um exemplo mais radical.
O Caio Prado Jr., comunista literalmente* de carteirinha, deu umas escorregadas tardias (1942). Falando da colonização do Brasil:
"Conservará um acentuado caráter mercantil; será a empresa do colono branco, que reúne à natureza, pródiga em recursos aproveitáveis para a produção de gêneros de grande valor comercial, o trabalho recrutado entre raças inferiores que domina: indígenas ou negros africanos importados. (Formação do Brasil Contemporâneo - grifos meus)
 Ele também falava da "cultura inferior" dos índios:
“O índio brasileiro, saindo de uma civilização muito primitiva, não podia se adaptar com a necessária rapidez ao sistema e padrões de uma cultura tão superior à sua, como era aquela que lhe traziam os brancos”. (Formação do Brasil Contemporâneo- grifos meus)
Como eu sabia que o Caio Prado Jr. cometeu outros deslizes, além dos que eu tinha no meu fichamento, dei uma googlada e caí nesse texto com citações bem piores (grifos meus):
"É verdade que Caio Prado atribui em boa parte o aviltamento e degradação de índios e negros no Brasil sobretudo à escravidão, denunciando pois o racismo da sociedade colonial – no que faria escola –, mas é inegável que seu marxismo convive com a “raciologia científica” típica do século XIX. Não pode ser outra a conclusão sobre Caio Prado ao lermos seu juízo de que a escravidão “incorporou à colônia, ainda em seus primeiros instantes, e em proporções esmagadoras, um contingente estranho e heterogêneo de raças que beiravam ainda o estado de barbárie, e que no contato com a cultura superior de seus dominadores, se abastardaram por completo”. Caio Prado é reiterativo: índios e negros eram povos “de nível cultural ínfimo”... acrescentando adiante que a contribuição do escravo preto ou índio para a formação brasileira é, além daquela energia motriz, quase nula. "
Reitero: eu sei lá se as crianças devem ler o Monteiro Lobato, se os livros devem ser retirados das escolas ou se basta uma nota explicativa. Eu só quis lembrar que na hora de julgar um autor não custa olhar o ambiente intelectual da época. No começo do século XX, o Lobato não estava sozinho. Racismo era mato. E atingia até os "progressistas".


*"literalmente" aqui está sendo usado no sentido literal. Literalmente.


Links diversos (só links bacanas mesmo)


.

  • Eu não disse que só teria links bacanas?

Coisas que eu aprendi na semana passada e esqueci de contar

Eu sou eu e minhas bactérias: o número de bactérias no meu corpo é 10 vezes maior do que o número de células humanas.

Coisas que eu aprendi nesta semana

Acessibilidade urbana e o algoritmo da Google

O Renato Schwambach Vieira me contou sobre um indicador de acessibilidade urbana baseado no pagerank da Google  que me parece super bacana.
 (O Renato - um dos 7 milhões de leitores diários do blog e, portanto, gente boa - tem uma monografia jóia sobre medidas de acessibilidade no município de SP)

Eu não precisava ouvir isso...

Hoje um conhecido professor de economia regional disse que um trabalho baseado em Myrdal, Kaldor e Verdoorn era ortodoxo.
Eu rebati, mas não debati. Ignoranssa dói.






"The Bretton Woods Transcripts"

Monty Phyton no Brasil

Bem, quase. Quer dizer, só o Michael Palin. Depois do fim do grupo ele se especializou em documentários de suas viagens pelo mundo. Eu assisti a todos. Todos mesmo.
Ele finalmente veio ao Brasil e o documentário será exibido hoje na BBC. Vou procurar um jeito de assistir ao programa e aviso aqui.

É tudo uma questão de escala

Quando criança, eu fiquei muito impressionado com o filme Powers of Ten (assisti no Fantástico, creio). Agora A Escala do Universo proporciona a mesma experiência de forma interativa (via  Alexandre Rocha

"The argument for the primacy of geography is always an argument about trains"

Ótima resenha de livros que eu -infelizmente - não lerei. Vejam só o parágrafo de abertura:
"The first history we write is a history of races. Our tribe’s myth is here, yours is over there, our race is called “the people” and blessed by the gods, and yours, well, not so blessed. Next comes the history of faces: history as the epic acts of bosses and chiefs, pharaohs and emirs, kings and Popes and sultans in conflict, where the past is essentially the chronicle of who wears the crown first and who wears it next. Then comes the history of places, where the ingathering of people and classes in a single city or state makes a historical whole bigger than any one face within it. Modern history is mostly place history, of an ambitious kind: what all the little faces were doing while the big faces were looking at each other."

Para onde vai a Econometria Espacial?

Coisas que eu aprendi nesta semana

rei da Noruega deu o título de Sir (ou o equivalente) a um pinguim.
(Por reciprocidade, será que a Argentina tem que dar uma medalha para um urso polar?)

Drunkeynesian manda ver!

Caramba, como estão bons seus posts no blog e no Global Economic Symposium. Coisa de profissa! 

Econometria Espacial Aplicada por Eduardo Almeida.


Eu ainda não li o recém lançado livro, mas já recomendo. O Eduardo é um ótimo e produtivo economista regional. Além disso, o sumário já indica que ele cobriu todos os pontos importantes.
Capítulo 01O que é Econometria Espacial?
Capítulo 02Dados Espaciais
Capítulo 03Matrizes de Ponderação Espacial
Capítulo 04Análise Exploratória de Dados Espaciais
Capítulo 05Modelando a Dependência Espacial
Capítulo 06Estimando a Dependência Espacial
Capítulo 07Especificando e Testando a Dependência Espacial
Capítulo 08Aplicando os Modelos Espaciais
Capítulo 09Sistema de Equações Simultâneas no Espaço
Capítulo 10Modelos Espaciais para Variável Dependente Limitada
Capítulo 11Modelando a Heterogeneidade Espacial Observável
Capítulo 12Regressão Ponderada Geograficamente
Capítulo 13Análise Multinível Espacial
Capítulo 14Modelos de Painel de Dados com Dependência Espacial
Capítulo 15Espaço: a Fronteira Final
A página do livro na editora está aqui. Eu vou comprar o meu!

Divulgação UCB


FPM e a estranha distribuição da população dos pequenos municípios brasileiros 2.0

Estou trabalhando em uma versão mais bacana do texto. Eu usei  o teste proposto por McCrary em Manipulation of the running variable in the regression discontinuity design para checar se houve manipulação na população do municípios pequenos no censo de 2010. Os resultados sugerem que isso aconteceu nas 5 primeiras transições de faixa.
Eu também fiz outro histograma  que evidencia a esquisitice. As linhas vermelhas mostram as mudanças de faixa do FPM (dados da I divulgação do Censo 2010):

O grau de civilização do mundo em 1826

A imagem em alta resolução está aqui.

Via Chris Blattman-> Rodrigo Coelho-> Renato Schwambach.  

Dois seminários sensacionais hoje e amanhã

(Eu esqueci divulgar o I encontro de blogueiros de Economia da RP que rolou ontem. Foi mal.)



Café com leite na veia e o desemprego

Eu tenho uma tese para essa aberração e  semelhantes. Elas são só o efeito colateral do baixo desemprego atual. Nos momentos de boom, os mais competentes sobem para ocupações mais exigentes e abrem espaço para menos aptos e novatos na base do setor de serviços. Dada a baixa qualificação da mão-de-obra nacional, o problema fica bem grave. 
(Eu também tenho notado uma queda na qualidade do atendimento dos restaurantes. Mas isso pode ser apenas porque estou ficando um velho ranzinza.)

Pós X ENABER

Além do tradicional (encontrar os amigos, fazer novos e aprender um tanto), tenho alguns pontos a destacar:
  • A seção com os ex-presidentes Cássio Rolim, Eduardo Haddad, Alexandre Rands discutiu o futuro da Ciência Regional e foi sensacional.
  • A grande novidade em relação aos eventos passados foi a  ênfase em estudos intra-urbanos. A quantidade e a qualidade cresceram bastante. A propósito,  todos os artigos do evento estão  aqui.
  • Eu acho que virei o chato de vários seminários. Como eu já disse, uma das virtudes do evento é reunir as várias gerações. Bacana ver a garotada motivada usando todos os recursos da econometria. Contudo, para a minha tristeza (e, provavelmente, do Carlos Cinelli) continua havendo confusão entre significância substantiva e estatística. Na caça por asteriscos nos resultados de regressão, o pesquisadores esquecem de perguntar aos dados: "E então? Qual o tamanho do efeito?" Você pode ter uma alta significância estatística e a substantiva ser baixa (e vice-versa). Eu, chatão, tive que questionar isso mais de uma vez nas apresentações.
Por fim, parabenizo a organização local. Raul Silveira Neto, Tatiane Menezes e os demais organizadores foram ótimos. 
Até Foz do Iguaçu 2013!

Immigration and the origins of regional inequality: Government-sponsored European migration to southern Brazil before World War I

O paper com o Irineu finalmente saiu.
Uma versão em português será publicada em livro.

Blog do Joaquim Guilhoto

A referência para a insumo-produto, CGE e esses temas tem o seu próprio blog.
Ele apresentou na Enaber um trabalho super bacana para historiadores econômicos: uma matriz insumo-produto estadual para o Brasil de 1959!

Painel Espacial no R

O Gianfranco Piras, um dos autores da biblioteca do splm, está aqui na Enaber. A biblioteca faz painel, painel espacial, cozinha, passa e faz café. O Rogério Boueri usou o splm em um artigo em andamento no qual Lucas Mation e eu somos coautores.  O treco funciona mesmo. Estou ensaiando para dizer "Grazie mille!" para o Piras.
Falando em R: o C Shikida - aquele que não acredita em divisão do trabalho- manda um link para algo muito bacana mesmo: gráficos no R com cara de XKCD (ou Economist ou até os horrorosos do excel 2003).

Dicas para apresentações no Powerpoint

Estou no X Enaber. É um encontro que eu gosto muito, porque reúne os pesquisadores mais antigos com as novíssimas gerações (além de ser uma ótima oportunidade de reencontrar os amigos da área).
Infelizmente, mesmo entre os novos pesquisadores, eu sigo encontrando os mesmos erros do passado nas apresentações.  (Neste exato instante, o apresentador está lendo um slide com 27 (sic) linhas de texto )
Aproveito, então, para repetir o meus post com dicas de apresentação:

  • Não use os recursos dos PowerPoint. Eles foram criados apenas para que os embromadores ocultassem o vazio com palhaçadas. Nunca use som ou os efeitos de animação divertidos.
  • O PowerPoint induz que a sua apresentação seja feita em itens e subitens. Ou seja, você vai ter item 2, por exemplo, “Fonte dos Dados”, e dentro dele o item 2.1 “A Aplicação do Questionário”. Não vá além de dois níveis. Se você começar a ter na sua apresentação coisas como item 2.8.3.2, tenha certeza que o seu público olhará incessantemente para o relógio. O ideal mesmo seria fugir da estrutura de itens e contar uma estória. Uma estrutura linear de apresentação prende mais a atenção e é mais facilmente lembrada. Mas uma estrutura em itens também não é fim do mundo. O importante é ter uma estrutura.
  • Você, que não é um gênio do design, deve copiar as mulheres espertas e optar pelo pretinho básico das apresentações. Um fundo simples, monocromático ou quase, e fontes de uma ou no máximo duas cores de letras. Sempre com muito contraste. Na tela do teu computador pode ficar bonito, mas as cores do projetor e a iluminação ambiente podem transformar a tua apresentação em um involuntário e indesejável teste de visão.
  • Se você quiser mesmo usar estilos mais coloridos, eu rogo que você não use os tão batidos que acompanham o Powerpoint. Como poucos são minimamente aceitáveis, as pessoas acabam escolhendo os mesmos.
  • Use a Regra 10-20-30 de Guy Kawasaki. Isto é, 10 slides, para serem apresentados em 20 minutos e com fonte de tamanho 30. Esse tamanho não é apenas para facilitar a vida dos míopes. Serve também para te forçar a sintetizar a tua mensagem. Achou o tamanho 30 muito rígido? Então siga o algoritmo de Kawasaki. Divida por dois a idade do mais velho membro da plateia. Use a fonte desse tamanho. Use a fonte Arial ou qualquer outra sem serifa e não tente entulhar informação. Apenas os principais pontos e – pelaamordedeus- não leia os slides para a plateia. Elas são alfabetizadas e vão se entediar até a morte se você ficar lendo em voz alta.
  • Nunca coloque aquelas tabelas entulhadas com resultados estatísticos ou testes adicionais. ( Se quiser, coloque alguns slides extras ao fim da tua apresentação com as informações de suporte àquelas perguntas que sempre surgem. Assim, quando pergutarem: “Você testou se as variáveis cointegram?”Você – Bam! - mostra o slide dos resultados dos testes.)
  • Se você está tendo problemas em fazer com que tudo caiba em um slide só, desista. Isso é um sinal de que você deve dividir a informação em dois slides ou que há informação que pode ser omitida.
  • Cuidado com a ortografia. Será fatal para sua reputação a troca de um “s” por “z” em fonte 30 projetada numa parede. Mande a apresentação para outras pessoas verificarem.
  • Tenha back-ups em vários formatos de arquivos e de suportes (pen drive, cd-rom, e tábuas de argila). Datashows explodem, pen drives queimam e você não pode ficar de mãos abanando. Se você for muito cauteloso, imprima umas cópias de handout com uns seis slides por página para distribuir.
  • O Powerpoint tem seus bugs: não só há incompatibilidade entre versões, como também entre apresentações gravadas em máquinas com versões do software em línguas distintas. Especialmente fórmulas e gráficos viajam mal entre versões. Como solução, sugiro que você grave a apresentação também em pdf . O Impress (do pacote do Open Office) também tem problemas de compatibilidade com o Powerpoint, mesmo quando você exporta para este formato de arquivo.
  • Se em algum momento você não tem nada na tela para mostrar, chame atenção para você próprio. Como? Com um slide em branco. Automaticamente, as pessoas acordarão do transe que talvez estejam e ouvirão o que você tem a dizer. Caso você não tenha lembrado de inserir esse slide, basta teclar W (tem que ser o w maiúsculo) para que o slide branco apareça. (Se você teclar B – de Black – a tela fica escura. Isso é útil quando você quer desligar temporariamente a luz no projetor).
  • Se você quiser arriscar mesmo, use o Prezi. Cuidado porque pode dar náuseas na plateia.

Quem são os donos das lanchas em Brasília?

Ontem foi um belo domingo de sol.  Número de lanchas que eu vi ao longo de duas horas no lago Paranoá: zero. Milagres que só uma eleição faz.

Ainda o Qualis 2012

Os comentários aqui e no facebook reduziram a minha ignorância. A comissão afirma que baseou a sua classificação em:
De fato, apesar da minha ótima opinião sobre a Papers in Regional Science, a revista tem baixo impacto.
As revistas  internacionais de fora da área tiveram a sua classificação replicada (com um teto em A2). Pelo que eu entendi isso já acontecia, mas se fazia uma redução de um nível nas revistas não econômicas. Assim, como a tal "América Latina Hoy" é A1 em Ciência Política, virou A2 em Economia.
Aí está o problema. Algumas áreas tiveram "inflação de notas" e distribuíram A1 generosamente. E essa inflação contaminou a classificação da Economia.
Alguns pontos:

  • American Journal of Transplantation (Print) está como A1. Ou existe um campo novo da Economia que eu desconheço ou, pelas próprias regras da comissão, ela deveria ser A2.
  • Eu não verifiquei se a classificação dos artigos internacionais no Qualis segue de fato os dois papers. Contudo,  o meu querido  Journal of Economic History está em 53o. na lista Kodrzycki e Yu. Apesar de haver 95 periódicos como A1 e A2, a revista ganhou B1. Enquanto isso, outros periódicos que ficaram atrás nos indicadores de impacto ganharam A1.

Ainda não está tudo claro para mim, mas comecei a entender os critérios. A tarefa da comissão é ingrata e quase que por definição é impossível agradar a todos. Enfim, quanto mais discutirmos o assunto, melhor (eu espero).

O novo Qualis de Economia - novas surpresas

Tive um tempinho e dei outra olhada no novo Qualis de Economia. Na boa, o que justifica que uma tal de América Latina Hoy ganhe A2, enquanto o Journal of Economic History  fique com B1 e a super boa  Papers in Regional Science seja B4?!?!? (Essas duas últimas são as revistas oficiais das duas principais associações (e o sonho de qualquer pesquisador (minimamente bem informado))).

Coisas que eu aprendi nesta semana

Inspirado pelos posts do Drunkeynesian (finalmente voltou de férias) sobre a Noruega e Islândia, eu relato algumas coisas que aprendi na semana passada:

  • Rio Branco (AC) é uma cidade bem organizada e limpa. Fui surpreendido também pela pouca influência da Bolívia ou do Peru;
  • Falando da Bolívia, o país tinha uma das prisões mais peculiares do mundo (Valeu, Cleandro pela informação). Um amigo da minha família ainda é hospede lá, acusado de terrorismo;
  • Uma ótima sorveteria em Fortaleza (CE) oferece o sabor Obama: coco, doce de leite com caramelo e cereais. Faz sentido;
  • E só. (Quer dizer, estou lendo o Ghost Train to the Eastern Star do sempre ótimo Paul Theroux e aprendi um monte. Mas citar isso quebraria o ritmo do post.).




Gangnam style, educação e desenvolvimento na Coréia

Um excelente e surpreendente texto. Alguns trechos:
(...) "Gangnam Style" signals the emergence of irony in South Korea, meaning that the country has reached the final stage in any state's evolution.
(...)
My school enforced rules to make the increasing income disparities less visible. Students were not permitted to wear watches exceeding 20,000 won in value or shoes exceeding 9,000 won. We were not permitted to be picked up or dropped off at school by private car-which became a matter of controversy, since students were often required to stay at school very late into the night, giving rise to safety concerns.

Korean law prohibited private tutors for school subjects, for fear that this would give an advantage to the wealthy. Most students at my school had them anyway.
Periodically, the school would give the students a sort of denunciation pop quiz with questions such as "Who among your classmates is receiving private tutoring?"

Se você é o único ser humano que ainda não viu o clipe... aí vai...

O novo Qualis de Economia

Aqui. Boa notícia: ao contrário de outras áreas, só revistas internacionais levaram A. Continuo tendo orgulho da Economia por isso.
Má notícia: as esquisitices continuaram! E como!



Batatas->vencedores


E não o contrário. Dizem Nunn e Quian:

The introduction of potatoes can explain 22% of the rise in population and 47% of the rise in urbanisation during the 18th and 19th centuries.

Aprendi no ótimosensacionalfantástico The Columbian Exchange:
A History of Disease, Food, and Ideas de Nunn e Quian
que uma pessoa pode sobreviver com uma dieta só de batatas e leite.

Batata ruleia!

The persistence of (subnational) fortune : geography, agglomeration, and institutions in the new world por Maloney e Caicedo

Ou: é a economia (de aglomeração), stupid!
Summary: Using subnational historical data, this paper establishes the within country persistence of economic activity in the New World over the last half millennium. The paper constructs a data set incorporating measures of pre-colonial population density, new measures of present regional per capita income and population, and a comprehensive set of locational fundamentals. These fundamentals are shown to have explanatory power: native populations throughout the hemisphere were found in more livable and productive places. It is then shown that high pre-colonial density areas tend to be dense today: population agglomerations persist. The data and historical evidence suggest this is due partly to locational fundamentals, but also to classic agglomeration effects: colonialists established settlements near existing native populations for reasons of labor, trade, knowledge and defense. Further, high density (historically prosperous) areas also tend to have higher incomes today, and largely due to agglomeration effects: fortune persists for the United States and most of Latin America. Finally extractive institutions, in this case, slavery, reduce persistence even if they do not overwhelm other forces in its favor.
Irineu, obrigado. 

Summerhill na FEA USP

O Colistete avisa: o grande - e super gente boa - William Summerhill estará na FEA/USP. Recomendo não só para os interessados em história econômica, mas também para todos os bípedes implumes. 

O dia em que FHC mandou um recado para mim

Muitas luas atrás, eu escrevi FHC errou? a economia da escravidão no Brasil Meridional. Calculei, com uns chutes, a taxa de retorno da escravidão no RS e argumentei que o FHC - no ótimo "Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul"- errou ao afirmar que a escravidão era intrinsecamente ineficiente. Meu ponto é que foi o boom do café que valorizou o câmbio e levou à "falta de braços" na charqueada gaúcha. Enfim, antes de virar modinha no Brasil, eu falava de doença holandesa.
Meu texto teve impacto nulo. Quase ninguém leu, ninguém cita. Até ficou de fora do guia bibliográfico sobre a escravidão no RS.
Qual não foi minha surpresa quando nessa entrevista do FHC  o entrevistador volta ao tema:


 Ele pergunta o que FHC acha dos pesquisadores "mais jovens" que apontam que a causa da decadência da escravidão na charqueada estaria na doença holandesa. O FHC responde "Os mais jovens tem que descobrir buracos nos mais velhos. E é possível que encontrem mesmo."
Depois ele volta a usar as categorias marxistas e mantém a sua posição original. Legal!
Muito obrigado, Thales, pelo envio do link!

Blog em marcha lenta....

mas vai acelerar. Nesta semana termina a minha disciplina na pós-graduação na UCB e volto a ter os finais de semana.

Diversos, na correria

- Cristiano Costa pede colaborações para uma monografia sobre educação financeira;
- Acemoglu na Globonews;
- Divulgação do evento "Qualidade no Gasto Público" no RJ em outubro;
- O gráfico do Gapminder atualizado (pdf);
- A Universidade do Marginal Revolution. O primeiro curso é sobre desenvolvimento econômico (Bem que o Tyler Cowen poderia dar um curso sobre Life, the Universe, and Everything!).

Off-topic: a lista do Ramon de bandas

É certamente o meu post com a maior capacidade de gerar ganhos de bem-estar para os leitores/ouvintes. O grande-mestre-que-tudo-sabe Ramon Fernandez preparou um playlist sensacional:

Putnam errou?

Em uma outra encarnação, eu escrevi um tanto sobre capital social e crescimento econômico regional. Confesso que fiquei meio saturado do assunto e faz quase uns 10 anos que não acompanho a literatura.
De qualquer forma, esbarrei em dois abstracts sobre o assunto:

  • Este aqui testa o papel do capital social no crescimento econômico nos municípios brasileiros entre 2000-2003 (??? esquisito mesmo);
  • Na Cliometrica, acaba de sair um artigo que questiona os resultados do Putnam para a Itália. O capital social das regionais italianas só teria sido importante nas última décadas; na primeira metade do século XX, o importante mesmo foi o capital humano.

RCT na PPP

Obtivemos a autorização dos autores para traduzir o "Test, Learn, Adapt" e publicar na PPP. Eu já fiz aqui  propaganda dessa ótima introdução ao uso de Randomized Controlled Trials nas políticas públicas.

Economias e deseconomias de muita aglomeração mesmo

O Bernardo Furtado acaba de voltar da ERSA  em Bratislava. Segundo ele, esse slide lembra um post antigo do blog.
A propósito, o genial Randall  Munroe XKCD tratou de um problema semelhante a esses experimentos mentais

Entrepreneurship and Urban Growth: An Empirical Assessment with Historical Mines por Glaeser, Kerr e Kerr

Eu sei lá se o instrumento é válido ou não, mas renderia uma boa tese reproduzir o estudo para MG:
Measures of entrepreneurship, such as average establishment size and the prevalence of start-ups, correlate strongly with employment growth across and within metropolitan areas, but the endogeneity of these measures bedevils interpretation. Chinitz (1961) hypothesized that coal mines near Pittsburgh led that city to specialization in industries, like steel, with significant scale economies and that those big firms led to a dearth of entrepreneurial human capital across several generations. We test this idea by looking at the spatial location of past mines across the United States: proximity to historical mining deposits is associated with bigger firms and fewer start-ups in the middle of the 20th century. We use mines as an instrument for our entrepreneurship measures and find a persistent link between entrepreneurship and city employment growth; this connection works primarily through lower employment growth of start-ups in cities that are closer to mines. These effects hold in cold and warm regions alike and in industries that are not directly related to mining, such as trade, finance and services. We use quantile instrumental variable regression techniques and identify mostly homogeneous effects throughout the conditional city growth distribution.
Falando em instrumentos criativos no cruzamento história com  economia regional, esse outro artigo usa a localização das óperas na Alemanha do século XVIII como instrumento para medir o impacto dos boêmios no crescimento regional.

O que aprendemos sobre a industrialização brasileira está errado

Veja a tese de Michel Marson, orientada pelo Renato Colistete:
Esta tese trata das origens e evolução da indústria de máquinas e equipamentos em São Paulo entre 1870 e 1960. ... demonstramos que os efeitos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para a redução na importação de máquinas e o aparecimento de várias pequenas empresas, geralmente pequenas oficinas e fundições para reparar as máquinas importadas. ...Também mostramos que os efeitos da crise de 1929 afetaram negativamente a indústria de máquinas e equipamentos paulista, mas apresentamos evidências que a diversificação da produção de máquinas para a indústria acelerou-se na década de 1920 e não foi resultado da crise. A recuperação da indústria de máquinas e equipamentos foi rápida e no final da década de 1930 a indústria se modernizou, iniciando a produção regular de máquinasferramenta. Apresentamos dois estudos de caso que ilustram que a indústria de máquinas e equipamentos teve sua origem no final do século XIX, passou por transformações nas décadas de 1920 e 1930 e se fortaleceu na década de 1940. Assim, nossos resultados divergem da periodização mais aceita da industrialização brasileira, que reconhece a importância da indústria de máquinas e equipamentos e de bens de capital somente após a década de 1950.
O boletim da FIPE tem uma síntese de partes do trabalho.

Um efeito catraca institucional

 Os sinais são desencontrados. A confiança no governo brasileiro teve uma forte queda (via Alexandre Rocha). Já os Der Spiegel diz que  o Brasil virou um modelo de qualidade institucional (via Drunkeynesian). O Mansueto, por sua vez, aponta que o personalismo/ voluntarismo aumentou na política econômica.
Pois é. O texto de Alston e Mueller argumenta que as instituições realmente melhoraram no Brasil. O Bernardo Mueller sustenta que agora mesmo o pior presidente não consegue fazer um governo ruim porque tem as mão amarradas pelas instituições e pela realidade.
Lá vai uma hipótese (talvez) não-testável-e-que-alguém-já-deve-ter-escrito-melhor-do-que-eu: existe um efeito-catraca :em uma crise, as reformas são feitas. Com cai a tensão, a catraca fica folgada e as instituições pioram um pouco. Mas quando o bicho pega mesmo, o governo faz o que deve fazer. O caso recente das concessões/privatizações (escolha o termo que mais gostar ) seria a mais fresca evidência em favor dessa tese.
Essa catraca explicaria o porquê do Brasil, aos trancos e barrancos, ter se transformado em um país mais normal nas últimas décadas. E é nessa hipótese que fundamento o meu medo de que o pré-sal leve a uma maldição dos recursos naturais por via institucional... Mas isso é outra história.
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