Manual / Coautoria
Coautoria
Conforme as ciências ficam mais complicadas e a especialização
cresce, nada mais natural do que contar com o apoio de seus colegas de ofício.
A complementaridade entre os autores faz com que você aumente a sua
produtividade e dê um gás ao seu currículo.
Em certas áreas, o número de coautores ficou ridículo.
Existe um texto da área de Física com 2.991 autores.
Imagino que para produzir aquele punhado de páginas foram necessárias milhares
de horas, em dezenas de laboratórios. Então, nesse caso, não há problema.
Qual o número ótimo de coautores? A escolha do número de
coautores é complicada. Coordenar o trabalho de vários autores cresce
exponencialmente, especialmente quando o texto for mesmo feito a várias mãos. E
as chances de incluir um mala que vai encher o saco dos outros também cresce.
Cuidado, então, ao convidar, porque desconvidar é bem problemático. Quanto mais
gente no projeto, maiores as chances dos aproveitadores se esconderem na lista
de autores.
Algumas áreas, geralmente ligadas às Ciências Biológicas,
costumam definir muito bem quem faz cada parte da pesquisa. Tipo: Fulano matou
os ratinhos, Sicrano os ressuscitou e Beltrano eliminou os ratos zumbis. Isso é
uma prática bem interessante, mas pouco usual nas ciências humanas e sociais aplicadas.
A questão da ordem dos autores varia muito. Em algumas áreas,
o normal é a ordem alfabética; em outras, em ordem de contribuição para o
artigo. Claro que medir isso é muito complicado. Afinal, cada um tende a
superestimar a sua relevância para o trabalho final e isso pode gerar
conflitos.
Quando a ordem alfabética não é seguida e todos tiveram a
mesma contribuição, eu sugiro privilegiar os autores que estão nas fases
iniciais da carreira. Uma exceção: nos trabalhos com grandes equipes, o
coordenador do laboratório costuma ser o último da lista. Ele é também o "corresponding author", ou seja,
aquele que é - no final das contas – o responsável pelo artigo.
O mais normal é que o seu orientador seja coautor na sua
primeira publicação. Nesse caso, a fronteira ética é tênue. Quando o orientador
efetivamente participou da confecção da versão para submissão, é certo que ele
deve constar como coautor. Agora, quando ele lhe orientou, mas não contribuiu
com uma vírgula adicional para a versão submetida, existem aqueles que acham
isso errado. Eu não vejo muito problema, afinal, ele contribuiu para o conteúdo
do seu trabalho. Deixo essa discussão em aberto.
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