Manual / Bolsas

Bolsas


Este verbete não é exaustivo. Seria impossível tratar de todas as bolsas, pois existem uma miríade de modalidades com requisitos e objetivos distintos. E os regulamentos mudam todo o tempo. Um bom jeito de ficar atualizado é dar um pulo na pró-reitoria de pesquisa de sua universidade e pedir informações sobre as novidades. Tratarei então das modalidades mais comuns de bolsas.
Os principais financiadores de bolsa brasileiros são a CAPES e o CNPq. É uma esquisitice que dois órgãos federais, sediados em Brasília, tenham funções sobrepostas. Fazer o quê? Então, em algumas modalidades de bolsa, você terá de fazer o procedimento de solicitação em duplicata.
No estado de São Paulo, existe a FAPESP que tem uma parcela polpuda do orçamento estadual e nada em dinheiro. Já foi melhor, mas ainda continua bastante generosa. Além disso, a FAPESP tem uma institucionalidade que a torna mais protegida das variações da política estadual. As outras fundações estaduais de amparo à pesquisa oscilam entre a penúria e a falência completa (ok, exagerei).

Graduação

A bolsa mais frequente é a Bolsa de Iniciação Científica, vulgo IC. A grana é curta (veja aqui os valores das bolsas do CNPq no Brasil), mas pode ser uma boa se você tiver um bom orientador como professor.
A principal função da bolsa é dar um gostinho de realidade à vida acadêmica. Normalmente, seu trabalho de pesquisa será o mais braçal, repetitivo e tedioso possível. Se, mesmo assim, você continuar com interesse em pesquisa, é porque você nasceu para a vida acadêmica.

Pós-graduação

Em um curso bom de mestrado ou doutorado, a sua vida será como a de um monge da Idade Média. Muito estudo e nada de luxo. A bolsa vai contribuir para isso. Você não morrerá de fome, mas a grana é curta.
As instituições de fomento podem pagar as taxas escolares do curso. Você se livra do encargo financeiro, mas fica sem o dinheiro no bolso e precisará recorrer a outras fontes de renda. Mas, mesmo em instituições privadas, existem modalidades em que você também terá seu próprio sustento.
Em geral, não desista do curso de seus sonhos porque você não ganhou a sonhada bolsa. A minha experiência mostra que o inesperado acontece e uma bolsa pode cair no seu colo. Às vezes, o curso recebe bolsas extras de alguma instituição de fomento ou algum aluno-bolsista desiste do curso ou quiçá sofre um acidente suspeito (mas sem testemunhas, viu?). O importante é não desistir.

Pós-doc

Ao contrário do que alguns gostam de afirmar, o pós-doutorado não é um título. Significa apenas que você foi professor visitante (ou alguma denominação semelhante) em outra universidade no exterior, normalmente com bolsa brasileira. Se alguém se apresenta como "pós-doutor" como se fosse título acadêmico, desconfie.
Fora do Brasil, o pós-doc é atribuído ao pesquisador que defendeu o doutorado, mas, como ainda não conseguiu ingressar na universidade desejada, conseguiu uma bolsa temporária para continuar na vida acadêmica e na pesquisa. Lá fora, o status do pós-doc é bem baixo. No Brasil, o pós-doutorado com esse caráter está sendo chamado de "pós-doutorado júnior" pelo CNPq; a FAPESP também tem essa tradição.
É muito bom cursar o pós-doutorado (no sentido de já-tenho-uma-carreira-e-tenho-de-me-atualizar). Você será tratado como um professor na universidade de destino e terá todas as regalias. Pode assistir aos cursos, aprender com os colegas e se envolver nas pesquisas livremente. Além disso, você não precisará defender uma tese ao final, apenas fazer um relatório de pesquisa ao final da bolsa.
Uma nota: a CAPES e o CNPq não pagam mais as taxas que os cursos por vezes cobram. Normalmente, você pode negociar uma taxa mais baixa, lembrando ao curso que você pagará com os seus próprios recursos. Mas, de qualquer forma, é prudente incluir tais taxas no seu orçamento sobre os custos do período no exterior.

Produtividade em pesquisa

Essa é a bolsa para aqueles pesquisadores mais produtivos na área. Os critérios variam muito entre as áreas. Os comitês das áreas mais sérios têm critérios objetivos baseados na produção científica dos pesquisadores. Outros comitês estão, aos poucos, deturpando os critérios da bolsa de produtividade, incluindo até pontos para atividades administrativas. Isso é uma forma de favorecer a velha-guarda. Como diz o bordão do meu amigo Mauro: "O problema do ser humano são as pessoas".
A bolsa nível 2 é a inicial do pesquisador. Se ele continuar ralando e publicando, passa para 1D e assim por diante até 1A. Ninguém fica rico com os valores pagos, mas o status realmente conta. Nas bolsas do tipo 1, o melhor é que existe a "taxa de bancada", ou seja, uma grana para gastar em qualquer atividade de pesquisa que o bolsista quiser.

Manual de sobrevivência na universidade: da graduação ao pós-doutorado

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